Ludíbrio

Publicado em 05/10/15

Você vive numa loucura. Num campo onde sempre há sol e flores, onde a noite é estrelada e a lua tão bela quanto qualquer outro astro nesse vasto universo.
Você vive numa bolha. Não uma pequena onde o espaço é inexistente, mas uma que te acolhe e te livra de todos os problemas do cosmos, que te cerca, que te esconde de todos os males, que te cega em relação ao mundo exterior.
Você vive num mundo totalmente artificial. Inteiramente criado por você. Ou melhor por sua mente.
Você vive um delírio. Você abraça esse ludíbrio como se fosse seu único pertence. E talvez seja. Essa enganação que tua mente criou se tornou sua única realidade. Você aprendeu a viver nesse universo.
Porém este lugar tão árcade onde você se encontra apresenta uma falha que a princípio não é relevante: a abstinência de contato humano.
Quando há pessoas, há diferenças, há intrigas. Porém quando há apenas uma pessoa, uma ideia, uma ideologia, uma moral o conflito se torna, a primeira vista, impossível de ocorrer. No entanto com o passar do tempo você acaba declarando guerra a sua própria mente, aos seus próprios pensamentos. Guerra a solidão.
Os delírios de amor que você vivia consigo mesmo e com o universo que o cercava se tornam um pesadelo, um delírio de perseguição, uma paranóia sem fim.
Você, que sempre gostou tanto da ausência da realidade, nunca quis tê-la de volta tanto quanto agora.
Sua bolha parece inquebrável e cada vez menor. Se tornou impossível escapar daquele lugar. Você foi sufocado por sua própria realidade. Por seu universo paralelo. Pela abstração de seus desejos.
Você, que sempre ouviu que os loucos são os mais felizes nunca almejou tanto a infelicidade.

Vitória Flosi, 3B2

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