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08/03/2024

Convivência Positiva – o que é?

Convivência Positiva

Convivência Positiva – o que é?

O planejamento e implantação de um programa de Convivência Positiva é fundamental para a formação humana integral e para a garantia de um clima escolar positivo e saudável. Em concordância com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a Convivência Positiva propõe-se a desenvolver as dimensões cognitiva, emocional e social dos alunos, preparando-os para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Uma proposta como essa, que integra o conhecimento acadêmico ao desenvolvimento de competências sociemocionais e sociomorais, considera a convivência não apenas como condição para a aprendizagem, mas como um objetivo educativo em si.

Fundamentos teóricos da Convivência Positiva

“Entendemos a Convivência Positiva como aquela que se constrói no dia a dia, com o estabelecimento das relações consigo mesmo, com as demais pessoas e com o entorno (organismos, associações, entidades, instituições, meio ambiente…) fundamentadas na dignidade humana, na paz positiva e no respeito aos Direitos Humanos” (Uruñuela, 2016).

O trabalho de convivência envolve três esferas que interagem entre si: alunos, comunidade escolar (professores e funcionários) e família, com a intenção deliberada de criar uma cultura que incide na melhoria da qualidade das relações pessoais, que promove o conhecimento de si e do grupo e que, por fim, postula ações assertivas na mediação dos conflitos interpessoais, efetivamente vivenciados, quer por intolerância ou por provocações e injustiças. Enfim, a escola é concebida como um espaço democrático que legitima um ambiente cooperativo, compartilhando valores como confiança, justiça, honestidade, solidariedade, respeito, empatia e autonomia.

O programa incorpora elementos da psicologia positiva de Seligman, das teorias de desenvolvimento de Piaget e Kohlberg e das técnicas do psicodrama, integrados com conhecimentos das áreas da saúde, de linguagens, filosofia e sociologia.

Competências socioemocionais e sociomorais

A psicologia positiva traz contribuições importantes para o desenvolvimento para as competências socioemocionais e para a promoção da saúde mental, por meio da alfabetização emocional que inclui o conhecimento das emoções, pensamentos e comportamentos; a identificação e o fortalecimento das forças pessoais e das virtudes; a regulação emocional; a identificação das distorções cognitivas, além do desenvolvimento de estilos de atribuição mais otimistas. Essas competências fortalecem o sujeito para enfrentar as possíveis adversidades presentes em cada fase do seu desenvolvimento.

O desenvolvimento das competências sociomorais, no trabalho de Convivência Positiva, está fundamentado no estabelecimento de um vínculo afetivo e respeitoso entre educadores e alunos, na construção de relações pedagógicas não autoritárias e no desenvolvimento de atividades cooperativas, que possibilitem o exercício da resolução de conflitos em espaços de diálogos permanentes. Em um clima de confiança e respeito, os conflitos são entendidos como oportunidade de aprendizado e contribuem para o desenvolvimento da autonomia moral e intelectual dos adolescentes. Nesse contexto, a convivência é baseada em direitos e deveres recíprocos, envolvendo a corresponsabilidade dos alunos na elaboração e cumprimento das regras/combinados de sala e engloba toda a comunidade escolar.

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Prevenção às drogas

O trabalho de prevenção às drogas, no contexto da Convivência Positiva, relaciona o uso de drogas a sentimentos, valores, relacionamentos, situação social e política em que vivemos. Prevenir pressupõe chegar antes, evitar o problema. Assim, entendemos que o trabalho de prevenção deve ter como objetivos evitar/retardar o uso e o abuso dessas substâncias e estimular o posicionamento por uma vida saudável e autônoma, fortalecendo fatores de proteção e diminuindo fatores de risco em relação ao uso de drogas. O foco do programa concentra-se nas drogas psicotrópicas ou psicoativas, isto é, aquelas que “afetam a consciência, a percepção, o humor, o raciocínio, e/ou o comportamento do indivíduo” (UNIFESP)​.

A eficácia do programa de prevenção na escola requer abordagens complementares, considerando a complexidade do tema e as características dos adolescentes. Isso implica a discussão de valores como liberdade e responsabilidade, autonomia e dependência, honestidade e confiança e, simultaneamente, o acesso a informações científicas atualizadas sobre o tema e adequadas à faixa etária dos alunos. Em resumo, os pilares da prevenção às drogas são o acesso ao conhecimento sobre as consequências do uso, papel da mídia e efeitos de marketing; o desenvolvimento de habilidades para lidar conscientemente com situações de risco e o reconhecimento das crenças normativas (avaliação de percepções equivocadas pelos pares e aceitabilidade pessoal) a fim de promover o pensamento crítico.

Educação em sexualidade

Por fim, nas aulas de Convivência Positiva também são trabalhados temas relacionados à sexualidade humana, considerando-se o desenvolvimento integral do aluno. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade é uma energia que influencia diversos aspectos da vida, incluindo pensamentos, sentimentos, ações e saúde física e mental. A Educação Integral em Sexualidade (EIS), conforme as Orientações Técnicas da UNESCO, tem por objetivo transmitir conhecimentos, habilidades, atitudes e valores a crianças, adolescentes e jovens de forma a desenvolver autonomia.

O trabalho com EIS na escola segue abordagens diversas, complementares e adaptadas à complexidade do tema, às características dos adolescentes e à diversidade de valores. Ainda de acordo com as diretrizes propostas no documento da UNESCO, a EIS contribui para adiar o início das relações sexuais, reduzir o número de parceiros, diminuir práticas de risco e aumentar o uso de preservativos e anticoncepcionais.

Assim como na prevenção às drogas, a abordagem da EIS enfatiza valores como respeito, dignidade, liberdade com responsabilidade e privacidade. O trabalho busca proporcionar aos alunos autonomia para: cuidar de sua saúde, bem-estar e dignidade; desenvolver relacionamentos sociais e sexuais de respeito; considerar como suas escolhas afetam o bem-estar próprio e o de outras pessoas. Parte superior do formulário

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Recursos didáticos

A Convivência Positiva fundamenta-se no uso de metodologias ativas e no protagonismo do aluno. Os educadores utilizam a comunicação construtiva, pautada no respeito mútuo. Dessa forma, a linguagem é descritiva, sem julgamento de valor, a escuta é ativa e empática, visando à construção, no aluno, de uma imagem de si positiva, ancorada em valores éticos. A partir de um cenário problematizador, que visa à motivação intrínseca do aluno, os professores utilizam, como estratégia, questionamentos socráticos sobre as crenças, valores, sentimentos e fatos, que favorecem a descentração do pensamento, a tomada de consciência e as trocas entre pares, possibilitando a ampliação e coordenação de perspectivas. Diversos recursos, como histórias, jogos, músicas, filmes editados e dilemas morais são utilizados pelo docente para que os alunos identifiquem e reflitam sobre o tema indicado pela atividade, suas causas, os sentimentos e valores em jogo, as escolhas feitas e suas consequências.

Rodas de diálogo

Dentro das aulas de Convivência no Ensino Fundamental e no Médio, ocorrem regularmente as Rodas de diálogo, que representam um “momento institucional da palavra e do diálogo. Momento em que o coletivo se reúne para refletir, tomar consciência de si mesmo e transformar o que seus membros consideram oportuno, de forma a melhorar os trabalhos e a convivência” (Puig, 2000).

As rodas de diálogo, com a presença dos professores e Orientador Educacional da turma, têm como intenção pedagógica abrir espaço ao diálogo regrado e respeitoso sobre temas propostos em pauta elaborada coletivamente, a fim de esclarecer conflitos do grupo e encaminhar possíveis soluções. Trata-se de um exercício democrático segundo o qual os alunos elegem temas que querem discutir e assumem o compromisso de dialogar, respeitando a ordem de fala. As ideias discutidas e encaminhamentos propostos são registrados na ata, elaborada pelos próprios alunos da turma e que representa um documento oficial do grupo.

Por fim as rodas são importante espaço para a elaboração e reelaboração das regras que regulam a convivência escolar, além de propiciar momentos de diálogo, para a negociação e o encaminhamento de soluções dos conflitos cotidianos. “Dessa maneira, contribuem para a construção de capacidades psicomorais essenciais ao processo de construção de valores e atitudes éticas”. (Araújo, 2004)