Álcool na adolescência afeta, sim, o desenvolvimento cerebral.

Publicado em 08/12/16

Saiu no site de Veja.com último dia 5 de dezembro.

Álcool na adolescência afeta, sim, o desenvolvimento cerebral.

Um novo estudo sugere que abusar do álcool na adolescência pode afetar a memória, a tomada de decisões e o autocontrole. Algumas mudanças são irreversíveis.

A ingestão de bebida alcoólica na adolescência pode prejudicar o desenvolvimento cerebral. De acordo com um estudo recém-publicado no periódico científico Addiction, adolescentes que bebem em excesso tendem a ter menos massa cinzenta no cérebro, estrutura responsável por funções como memoria, tomada de decisões e autocontrole.

No estudo, pesquisadores da Universidade da Finlândia Oriental, na Finlândia, acompanharam 62 jovens durante dois anos. Nesse período, eles responderam questionários que incluíam questões sobre o consumo de bebida alcoólica.

Todos os voluntários haviam participado de um estudo finlandês sobre o bem-estar do jovem e haviam relatado seu consumo alcoólico durante a adolescência – aos 13 e aos 18 anos.

Os resultados mostraram que 35 deles abusavam do álcool – bebiam pelo menos quatro vezes por semana ou bebiam muito, com menor frequência – na adolescência. Os demais foram considerados bebedores moderados.

Exames de escaneamento cerebral mostraram que os jovens que abusaram do álcool tinham menores volumes de massa cinzenta, em comparação com aqueles que bebiam moderadamente.

“O uso de substâncias está conectado com a exclusão social, problemas de saúde mental e baixa escolaridade. Mudanças na estrutura do cérebro pode ser um dos fatores que contribuem para os problemas sociais e mentais entre os indivíduos que usam substâncias”, disse Noora Heikkinen, líder do estudo.

De acordo com Samantha Brooks, professora da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e que não esteve envolvida no estudo, a seção frontal do cérebro, que desempenha um importante papel na tomada de decisões, continua se desenvolvendo até os 20 e poucos anos.

Essa região foi bastante afetada pela perda de massa cinzenta no cérebro das pessoas que abusavam do álcool. Embora nenhum dos participantes tenha demonstrado sintomas de depressão e as taxas de problemas como ansiedade, desordens de personalidade e uso de drogas fossem similares entre os dois grupos, os bebedores compulsivos tinham mais tendência a fumar.

Samantha explica que, durante esse período, os adolescentes estão mais aptos a terem problemas com o abuso de substâncias, já que estão em uma “janela de vulnerabilidade”.

Felizmente, segundo Noora, parar a ingestão de álcool a tempo pode aumentar o volume de massa cinzenta. “Entretanto, quando o uso for continuado por um longo período, algumas mudanças estruturais se tornam irreversíveis.”, afirmou.

Apesar dos resultados, como esse foi apenas um estudo observacional, os pesquisadores não podem afirmar se é o excesso de bebida que danifica o desenvolvimento cerebral ou se pessoas com menos massa cinzenta – por fatores genéticos ou outras causas – têm maior probabilidade de abusar do álcool.

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