Digite o que deseja buscar no campo acima e clique na lupa para encontrar
12 resultados encontrados para "termo buscado”
03/08/2016

Concurso Fernando Pessoa 2016: textos participantes

#2016 #concurso #Fernando Pessoa #participantes #Prata da casa #Produção de alunos

Concurso Fernando Pessoa 2016: textos participantes

Publicado em 03/08/2016 11:53

Lágrimas de Heterônimos

Vidas feitas de áureos versos,
Almas feitas de uma, apenas.
Infinitas estrelas nesse céu,
Chamado Fernando Pessoa.

Suas dores a ele contavam,
Ensinamentos a ele ditavam
E como bom servo era,
No papel, tudo cantava.

O servo o mundo já deixou,
Mas as crias ainda vivem,
Em páginas manchadas de lágrimas.

E no silêncio, ainda choram,
Pois a dor de seus lamentos,
Nunca mais será gravada…

Marcelo Victor Nigri, 3E2

Só tendo muita falta de humildade para querer ensinar a eles

Mas dentre as criaturas de Fernando Pessoa,
duas em particular me intrigam.
Para estas, desejo (ou desejaria) lhes contar:

Para aquele preocupado demais e com excesso de razão,
que acha que pensa demais, não se leve pela ansiedade do futuro.
A vida não foi feita para dar significado à nossa insignificância,
mas para tornar nossa insignificância significante.

Para aquele que diz ter controle sobre sua abstração,
que pensa o que não pensar,
reflita sobre não refletir.
“Pensar é estar doente dos olhos” mas não pensar
é ter a impotência quanto a mudar o que se vê.

E dito isso, para estes dois considerados mestres (um mais que outro)
rio com o real mestre dos mestres
porque só o criador,
síntese das criaturas,
pode se contrariar por meio de outros e ainda ser coerente.

Pedro Dangelo, 3E1

“INTERNA (ETERNA) CONFUSÃO

quem sou?

sou caeiro
sou campos
sou alberto
sou fernando

sou todos mas não sou ninguem

tento ser tranquilo;
mas me encanto
tento ser complexo;
mas me canso

tentando ser acabo não sendo
tentando ver acabo não vendo
tentando entender acabo não entendendo

afinal, o que estou fazendo?
não sei, apenas escrevo”

Luana Secco, 3H1

Uma dor e não duas

O poeta não é um fingidor
Age tão honestamente
Que chega a ser incompreendido
Pelo injusto julgador
Cuja autenticidade é aparente.

Nascemos, crescemos, morremos.
Somos os mesmos?
Fingidores! Eis o que somos?
Nada mais que entorpecedores
De mútua e genuína comunicação?!

Não se iludem, poetas e leitores.
Sorrisos calorosos, abraços
Ardentes e lágrimas salgadas
Pertencem à uma só memória,
Que constitui o pilar do eu.

Quem sou eu?
Sou a lagartixa,
Sou o casulo,
Sou a borboleta,
Sou as cinzas.
Agradeço-lhe, memória,
Unificadora do eu.

Assim como o eu metamórfico e real,
Meus sentimentos são variáveis x e y,
Elementos naturais contidos nos reais,
Que compõe uma só consciência,
A qual atribui sentido à veracidade
De minhas naturais emoções.

O processo do pincel manuseado,
portanto, não altera o que sinto,
Pois lembro que sou o céu infinito.

Victoria Wang, 3E2

Xícara de café

Estava sentado na cozinha, tomando café, quando ouço o barulho do jornal jogado contra a porta. Dentre todos aqueles papéis, encontro um envelope brilhante com selo vermelho. Fecho a porta e volto a me sentar junto a xícara.

Berlim, 11 de Julho 1939
Senhor Álvaro de Campos,
venho te parabenizar sobre seu encantador texto Ode Triunfal, que chegou a mim por ter se tornado uma obra tão renomada. Teu intenso sentimento despertado pela tecnologia me comoveu surpreendentemente. Por isso, apresento-te uma proposta. Farei um discurso no dia 30 de setembro, dois dias antes da invasão à Polônia, para mostrar as nossas mais novas tecnologias bélicas ao povo alemão. Assim, procuro não só emitir o início de um período vitorioso e ascendente para a Nação, como também, despertar o sentimento de união que este conflito exigirá para chegarmos ao progresso.
Aguardo tua resposta.
Atenciosamente
Hitler.

“Que honra! ” Pensei.
Passei tantos anos com medo de errar,
Ou acertar mas não ser reconhecido
Que fechar os olhos me trazia decepção

Quantas vezes me tornei parasita
Pela falta de sentido da vida.

Foi nessa época que o nazismo me atraiu.
A força de vontade, a unidade, alguém com identidade
Não era alemão, mas tinha Hitler no coração.
Heil Hitler!
E inicia meu discurso:

“ Povo da Nação Alemã, hoje dou as boas-vindas a um novo país. Um país sólido, enfurecido, amedrontador. Somos agora A MÁQUINA! ”

O desfile de guerra começa
As tropas trazendo tanques
Motores e louvores gritam!

Parei.

Escrevo, mas minhas mãos são lentas!
Dançariam, as engrenagens na máquina
Acompanhariam o ritmo dos seus rangidos
Ó tecnologia, represente-me nessa guerra!

“ Aprendamos com esse novo elemento a posição que teremos que tomar diante do conflito. Operem segundo as funções dadas. Cada um possui seu papel nesse projeto. Por isso, o progresso depende da eficiência de cada peça. Não desanimem perante uma opressão! Elas são apenas mecanismos de segurança que impedem uma grande destruição no sistema. Levantem alemães! Vocês são as rodas, o volante, a direção que conduzirão a Alemanha para o destino próspero. Os esforços investidos no presente, marcarão história no passado da Nação e sustentarão a nova geração no futuro. ”

O futuro que me guia no presente
Hitler que me salvou no passado
Recordei minhas antigas reticências
Um conjunto de pontos sem sentido,
Cálculos de resultados exatos
Sem solução, minha questão, minha divisão!

“Não se implora por direitos, ”
Voz firme, feroz, um ruído mensageiro
“ se luta por eles!” Luta pelo que já era meu,
Luta pela própria identidade! Luta pelo Nazismo!

Alemães, também pertenço ao barro pisado, infértil, maldito
Mas sob o calor da bandeira suástica
Me unifico num tijolo fortalecido

“ Ergueremos Nossa Alemanha! Pelos parentes que perderam a vida e nos deixaram perdidos. Chega de miséria! De estagnação! Nosso povo precisa de um líder. Uma peça central. Que agrupará todas as forças em um único organismo. Por isso, obedeçam, meus irmãos! Seguimos no mesmo trilho para chegarmos juntos à prosperidade. Sustentem a Alemanha! Sustentem o Nazismo! ”

Termino o rascunho revigorado e olho para a xícara. O café tão intenso e suave. Preto, mas também marrom, bege, dourado… e continuava sendo café. Líquido que se moldava conforme o que o envolvia. Eu me sentia assim naquele momento. Um Álvaro de Campos na sua essência e preparado para os acontecimentos da vida.

Giovanna Naommi Oyama, 3E2

Vazio. De repente, vi-me em um caminho asfaltado às margens de um rio cristalino. Ao lado da passagem, havia uma linha de trem e o resto da paisagem era coberta por uma baixa grama verde. O céu, ofuscantemente azul, apresentava algumas poucas nuvens e nenhum sol. Aquilo me era familiar, mas, ao mesmo tempo, estranho, talvez, porque o cenário era totalmente inerte. Estava admirado pela monotonia daquela paisagem e mal quando dei meu primeiro passo, senti uma presença. Rapidamente olhei para os lados e vi um homem um pouco pálido de camisa branca e larga, sentado nos trilhos da linha do trem e olhando para o céu enquanto parecia devanear. Fui, então, em sua direção. Quando cheguei perto dele, o homem apenas virou-se para mim com olhos deprimidos, e logo depois, voltou-se para contemplar o horizonte e deu um suspiro.
-Tu atrapalhaste meus pensamentos.
-Ah! Desculpe-me. Quer que eu vá embora?
-Oh, não! Não! Fique! Tua presença lembrou-me dos ensinamentos de meu mestre.
-Ensinamentos?
-Sim! Em todos os nossos encontros, ele me ensina a Ver, mas nada aprendo. É frustrante. Existo, logo, penso. Nunca poderei segui-lo!
O homem então suspirou e voltou a contemplar o horizonte enquanto apenas pude ficar observando-o. Havia ficado tudo novamente quieto e monótono e, de repente, comecei a desejar que aquele silêncio, que de algum modo tornava-se cada vez mais insuportável, fosse quebrando. Olhei para o pensador na expectativa de que ele fizesse alguma coisa, mas estava completamente imóvel. Tive, então, a vontade de falar, porém nada vinha a minha cabeça. Podia ser qualquer coisa, qualquer bobagem, nada. Fui novamente buscar a ajuda do homem que, de súbito, desapareceu.
-Ei! – alguém me chamou – Ei, jovem! Ficar perto dos trilhos é perigoso!
Essa voz vinha de trás de mim.
-Jovem! Continuarás ignorando-me?
Atendendo a esse chamado, eu me virei e deparei-me com outro homem que vestia um terno e usava óculos.
-Venhas jovem, venhas! Quero conversar contigo.
Obedeci ao homem e logo fui ao seu lado.
-Muito obrigado por aceitar meu convite, meu caro. Finalmente alguém com que eu possa discutir minhas reflexões!
-Senhor, me desculpe por interrompê-lo, mas eu estava com outra pessoa que, repentinamente, desapareceu. Sabe onde ela foi:
-Ah! Deve ter sido o outro discípulo de meu mestre. Homem frustrado. Não aprende que devemos ter equilíbrio e harmonia em nossas vidas!
E, assim, o homem seguiu falando, comentando sobre quão lamentável era aquela pessoa que eu havia primeiro encontrado, o quão seu mestre havia o inspirado.
-Ah, sim! – começou ele. – Tu deverias encontrar meu mestre! Ele é o homem a ser seguido!
-E onde poderei encontra-lo?
-Vai para as margens do rio. Com certeza encontrá-lo-á!
Agradeci o homem e andei em direção ao curso d’água. Logo, avistei um pequeno rebanho de carneiros sendo conduzido por um pastor que, ao deixar os animais bebendo água do rio, sentou-se na margem do curso.
– Olá – disse eu – O que você está fazendo?
– Ah, jovem! Estou Vendo a minha volta!
– Como assim vendo a sua volta?
– Ora, absorvendo a paisagem sem pensar, vendo-a sem interpretar para conseguir enxergar a realidade como ela é. Infelizmente, isso é algo que a maioria das pessoas não consegue fazer. Elas se perdem em seus pensamentos, começam a fazer questionamentos sem resposta e sofrem por isso. São como pastores que não conseguem controlar seu rebanho…
De repente, o pastor interrompeu sua fala, olhou para as ovelhas e levantou-se.
-Jovem, sei que encontrou alguns de meus discípulos antes de mim, mas tem outro que quer encontrá-lo.
-Quem é?
-Você descobrirá. Espere aí que ele já virá.
Assim, o homem arrebanhou suas ovelhas e seguiu seu caminho pela margem do rio. Obedecendo ao pastor, esperei por longos e inúmeros minutos a pessoa. Nesse meio tempo, cogitei em seguir o pastor a fim de apenas ter uma companhia para me quebrar o tédio que agora dominava o ambiente inerte, mas algo me dizia que eu não deverei fazer isso.
-Ei, você. Desculpe-me pela demora! – alguém gritou atrás de mim.
Quando me virei, deparei-me com um homem de rosto estranhamente conhecido que, na hora, não me lembrava do nome.
– Venha! Quero conversar com você.
Com misterioso fascínio, aceitei o convite da pessoa e, logo, começamos a caminhar tranquilamente pelo caminho asfaltado.
– Eu sei que encontrou três sujeitos muitos amigos meus antes de mim. O que achou deles? Não são ímpares?
Eu acenei e o homem sorriu. Logo em seguida, escapou-lhe um comentário de que eu também era um sujeito singular. Isso me fez perguntar se já teríamos antes nos conhecido. Sem se preocupar com essa minha reação, o meu acompanhante começou a conversar como se fôssemos velhos amigos. Ele falou sobre seus assuntos pessoais como a sua separação com sua noiva, a tristeza que sentia com o suicídio de seu melhor amigo e sobre o quanto gostava do álcool brasileiro. Estranhamente, essas histórias e mais tantas outras que ele contava de sua vida me eram familiares, porém de nada eu conseguia me lembrar. Como será que aquele homem conseguia falar comigo tão amigavelmente sendo que nós tínhamos acabado de nos encontrar? Então eu parei.
– Afinal quem é você?
O homem interrompeu a caminhada e sorriu amigavelmente para mim.
– Sou um poeta que finge a dor.
Nesse momento uma onda de lembranças me atingiu. Lembrei que aquele homem era uma das pessoas que mais eu admirava e conhecia. De repente, vi ao lado dele inúmeras pessoas, incluindo os três sujeitos que anteriormente havia encontrado. Nesse instante, o mundo começou a se mover. O vento bateu, o rio correu, o trem passou e as árvores e os prédios cresceram. Pouco a pouco, as pessoas começaram a desaparecer. O poeta, o único que ainda não havia ido, sorriu mais uma vez para mim, acenou um adeus e sumiu. Meu coração me apertava.

Carolina Emy Ono Leal, 3E2

Passa, repassa
Escrevo e não vejo o tempo passar
Afinal, não só um,
Mas vários fazem a pena dançar
Rabisca e solta
Amassa e guarda
Todos fazem o papel gastar
Afinal, não sou só um,
Mas vários que fazem a palavra cantar
Assim que vou
Conhecer a todos
Fazendo as almas soar

Carolina Emy Ono Leal, 3E2

Genialidade

De maneira muito inesperada
Poucas vezes em cada milênio
A humanidade é presenteada
Com o nascimento de um gênio

Beethoven, de genialidade nata
Com as notas mágica fazia
E a cada sinfonia, trio, ou sonata
O mundo enchia de harmonia

Pessoa, outro igualmente genial
Tinha na alma mais de um poeta
E como se fora natural
Foi mais de cem, o ousado lisboeta

Mas seja por destino ou coincidência
Os dois compartilham semelhanças
Que vão muito além da inteligência,
De seus legados ou de suas heranças

Um bom exemplo dessa igualdade
É o ecletismo dos dois artistas
Transcenderam sem dificuldade
Escolas na época mais quistas

Outro relevante paralelo
É o marcante pioneirismo:
Ao clássico e o romântico um fez elo
E o outro inaugurou o Modernismo

Mas a principal natureza
Que o gênio da dupla explica
Era de suas almas a grandeza
Que sua formosa arte justifica

Gabriel Gioia Ávila Oliveira, 3E1

blucher

Notícias

Mais sobre Linguagens e códigos

#Olimpíada de Português, 03/12/2024

Confira os resultados da 2.a edição da Olimpíada de Português

#18.o Festival Cervantino, 02/12/2024

Educadoras participam do 13.o encontro “El Quijote nos une”.

#Língua Portuguesa, #Tecnologia Educacional, 19/09/2024

“Fonologia de papel”: uma parceria entre Tecnologia Educacional e Português