Desde o início de maio, estão ativos os dois Murais de Grafite, iniciativa do Departamento de Artes, inaugurados pelo prof. Pedro Leão e pelo assistente Danilo Chamas no pátio do colégio, perto das salas BS1 e BS2. Diz o professor Pedro: a ideia do mural veio da minha experiência como aluno do Band, em uma época anterior ao Projeto Sala Limpa. Percebendo que o pessoal da limpeza limpava as mesas das salas uma vez por semana (aos sábados, na época), eu comecei a fazer desenhos elaborados e detalhados na mesa que eu ocupava todo dia. Tratava-se de um exercício com dupla finalidade: primeiro, porque exercitava a paciência e a dedicação a um único desenho, durante um longo período de tempo (uma semana já era uma eternidade para a minha geração…), o que levava a um desenho detalhado e de qualidade muito superior ao desenho imediatista; segundo, porque exercitava o desprendimento, já que eu sabia que aquele desenho deixaria de existir no fim de semana. Hoje, claro, as câmeras de celular tornam esse segundo ponto meio obsoleto. Ainda assim, eu lembrava com carinho desse meu exercício semanal de desenho, e resolvi propor os Murais como um jeito de incentivar uma prática similar na comunidade do Band. Similar, porém não idêntica, já que eu concordo (e MUITO) com o Projeto Sala Limpa, então realmente não seria adequado incentivar as turmas a desenharem nas mesas.
As boas ideias normalmente são ideias simples. E esta era bem simples e barata de implementar. Depois de uma breve pesquisa do tipo de fórmica adequada (precisava ter a textura certa para pegar o grafite, porém ainda ser fácil de limpar) e do preço para comprar e instalar as chapas, submetemos a ideia para a aprovação da diretoria do colégio, que prontamente a aprovou. As chapas foram instaladas na última semana de provas do primeiro bimestre, e os lápis de grafite integral (sem a parte de madeira) comprados na semana seguinte. O nome do projeto permaneceu como Mural de Grafite, com o intuito de lembrar tanto a arte de rua feita em paredes da cidade, quanto o material que ficaria disponível para usar nestes nossos murais.
O primeiro dia do Mural de Grafite já provou que a iniciativa tinha sido um sucesso. Alunos do Ensino Fundamental e Médio cobriram as duas chapas não só com desenhos que mostravam sua expressividade pessoal, mas também com frases que mostravam sua aprovação por este e outros projetos do colégio, como por exemplo o Bixorantinos (fanzine dos alunos do Projeto Idade Mídia). Enquanto eu desenhava, quis incentiva-los a explorar as possibilidades desse tipo de desenho, a ver que o grafite podia ser espalhado com o dedo para fazer sombreados, ou apagado em partes com borracha para fazer pontos de luz. Eu mesmo ando pensando em como fazer um stencil com o grafite.
No final desse primeiro dia, já pude perceber alguns efeitos curiosos surgindo. Danilo veio me contar como, enquanto ele desenhava, outros alunos haviam começado junto. Um deles comentou que não ia fazer um desenho tão grande, para deixar espaço para as outras pessoas desenharem. Outros desenhistas do Mural foram menos altruístas, passando por cima dos desenhos já feitos ou apagando algumas partes para poder incluir a sua participação. Eu achei essa dinâmica inicial interessante, porque me lembrava do código de conduta de grafiteiros e pixadores nas ruas da cidade, segundo o qual não era “educado” passar por cima da obra de outros artistas: “atropelou, é toy”, diziam eles (atropelar sendo o termo para passar por cima do desenho, e toy a denominação de um grafiteiro iniciante, irresponsável e mal educado). Imagino que essas regras de conduta ainda surgirão com o passar do tempo. Eu mesmo não quero impor nada desse tipo, para deixar a coisa fluir naturalmente enquanto os próprios alunos pensam no que vale a pena e o que não é muito legal, pensam na linguagem desse meio e na visibilidade que suas mensagens terão.
É preciso, no entanto, colocar algumas poucas regras para garantir que a brincadeira continue:
• Apenas grafite será permitido por enquanto (a maioria dos materiais coloridos pode até ser apagada, mas deixa manchas que são muito difíceis de remover)
• Os lápis de grafite integral devem ser devolvidos para as cestas nas laterais das colunas, para que outros possam usar
E você? Já foi lá grafitar?