“Ground control to major Tom”.
Cheguei aqui. Meu sonho. Minha vida. Finalmente, consegui. Não há nada acima de mim; nem abaixo. Movo-me em apenas duas dimensões. Meus olhos atrofiam, vejo nada. Bizarramente enxergo o indefinido. Não mais. Os olhos verdes da raposa conseguiram sair da minha retina. Porra, como isso é estranho! Nada vem, nada vai. Tudo que entrou nunca mais vai sair. E tudo que saiu nunca mais vai entrar.
“Can you hear me major Tom?”
Se tudo isso fosse compartilhável com o mundo… Esquece, é impossível. Nunca pensei que admitiria isso, mas todo meu egoísmo me serviu de alguma coisa no final. A prova de que Deus existe; e é capitalista. A prova de que não é possível se desfazer do barro de que se foi feito. As tantas teorias, conjecturas e ilusões finalmente foram emulsificadas no doce amargor da minha razão por algumas doses da boa e velha cachaça. Prova de que deus existe, e é de Salinas.
“We can be heroes. Just for one day”.
Posso ser um deus, eternamente, aqui nesse plano. Tenho tudo em minhas m„os. … o sonho de toda criança.
“The thinker sits alone growing older, and so bitter”.
Por onde eu começo? Pela paisagem? Pelos animais? Pelo homem? Pela mulher? Acho melhor começar pela raposa.
Victor Maitino, 3H1