Mia era uma menina comum, sem nada de muito especial. Nem sei o motivo pelo qual a escolhi mas tenho que admitir que foi no uni duni tê, já que há uma infinidade magnífica de pessoas que nem ela. Mia era igual a todas as outras meninas, tinha o cabelo liso, usava todas as roupas da moda. Sua beleza era comum. Usava tudo que tinha comprado na última viagem pra Miami, lugar que, aliás, ela se dirigira para visitar os outlets e aproveitar todo o conhecimento e cultura dos shoppings. Ficou louca quando a forever 21 veio pra cá, marcou presença na inauguração e se orgulhou ao dizer que comprou uma roupa de qualidade ruim por um baixo preço e, ainda sim, se recusa a comprar na marisa. Mas se havia uma coisa que Mia realmente gostava era o facebook, a magia de poder compartilhar tudo. Fazia dedicatórias quase líricas para todas as amigas e família. Quando sofria, compartilhava. Quando amava, compartilhava. Até quando jogava joguinhos, compartilhava. Era comum até na política, se perguntassem do governo ela dizia que o PT era o problema do Brasil, que a Dilma deveria ser deposta e que, embora não apoiasse, sabia que a ditadura militar era melhor. Porém, mudava de assunto logo porque tudo que falava tinha ouvido de alguém e assumia como verdade. Aliás, a internet era o lugar que melhor se enganava, se deixava enganar e depois enganava outras pessoas. Mia era comum, comum até demais e, talvez, esteja, de pouco em pouco, em cada um de nós.
Beatriz Girardi Langella, 3H2