Almejava apenas um só olhar. Mas não somente um relance de olhos, uma visão ligeira e apressada. Devaneava com um momento, mesmo que rápido, no qual houvesse o despertar de um sentimento que se combinasse com o seu. Uma espécie de retribuição. Um só instante caracterizado pelo esquecimento do mundo ao redor, pela surdez aos sons diferentes da voz dos protagonistas daquele romance, romance igual aos que via nos filmes, porém concreto por alguns segundos. Fantasiava a mesma cena todo dia, toda hora. Entretanto, sabia que nem tudo o que sonhava se tornaria realidade. Sabia que uma declaração amorosa que a deleitava quando vista na tv e que tanto ansiava ouvir era, na verdade, uma declaração de mentiras mascaradas por uma ilusão justificada por um sentimento irracional. Portanto, não valia a pena sonhar.
Amanda Sanches de Souza (2H1)