Como dar continuidade aos parágrafos iniciais ao conto “O retrato oval”, de Edgar Alan Poe? Como manter o clima de suspense e explorar elementos descritivos? Esse foi um dos desafio propostos aos alunos dos 8os. anos, durante o 4o. bimestre. Três deles resolveram compartilhar o resultado. Arrepiem-se:
Final 1.
Deitado entre os lençóis de linho, extremamente sedosos, observava o quadro. O silêncio que me envolvia foi quebrado por estalidos de madeira queimando. Teria o dono daquele lugar chegado e, mais importante, deixaria que dormíssemos ali aquela noite? Subitamente, me senti mal. Não porque estivesse ferido. Não porque estivesse na moradia de outrem, sem permissão. O fogo… Enlouqueci. Não era possível. Não deveria ser. O odor de mofo do castelo deu lugar a um cheiro de queimado. O ar estava ficando quente, mas ainda tinha calafrios. Estava, novamente, fitando o quadro, quando notei, ao fundo, por detrás da jovem, uma grande moradia, com labaredas dominando-a. Algo ali me chamou a atenção. A casa… Por que parecia tão familiar? Então percebi. Não estava louco. As labaredas eram reais e invadiam o quarto. Meus gritos foram abafados pela fumaça. E, só no olhar triste e sombrio da jovem, emoldurada naquele retrato, podia-se ver a agonia de minha alma.
Paulo Rubens Alvarenga Kerassiotis
Final 2
Era linda, uma das mais lindas pinturas naquele quarto. A jovem que ela continha era branca como pérola e seus cabelos eram lindas ondas pretas, tão pretas que a cor de sua luz era azulada. Estava num lindo vestido, um daqueles mais comuns em tempos mais longíquos. Estava sentada ao lado de uma grande janela, da qual olhava de um jeito muito calmo. Pensei por um instante ela olhar aflita para mim e de repente senti uma grande vontade da olhar para outro lado, virando bruscamente a cabeça. De uma certa forma, ao fazer isso parecia que eu havia retornado a realidade. Foi como se o quadro me sugasse para outra realidade, onde havia o doce cheiro de flores, diferente do olor pelo qual eu me encontrava envolto agora; olor de mofo. Tinha a breve sensação de já ter visto aquela moça. Segundos depois, senti o frio de uma sombra passar sobre mim e pude ver um vulto passar pela parede roxa , para a qual eu havia me virado. Aos poucos, fui virando minha cabeça para olhar novamente o quadro da jovem. Ela não estava mais lá. Até então, só a respiração de meu criado e minha eram ouvidas. Mas, sem mais nem menos, comecei a ouvir uma voz feminina e doce murmurar uma música bonita. Parecia que chorava. Parecia que vinha da direção da janela. Meus olhos foram passando lentamente pelo quarto, evitando os vários quadros das paredes que se distinguiam no breu. Enquanto virava, o barulho do ranger do colchão, que tinha molas quebradas fazia tudo mais assustador. O meu olhar chegou à grande janela. Congelei. Estava totalmente aberta. Podia sentir as gotas de suor descerem do meu cabelo e meu rosto pelo meu corpo. Então, vi pela voz fria da lua que agora entrava pelo quarto alguém ao lado da janela. Uma jovem, quase mulher feita. Branca como pérola. Cabelos lindos, em ondas pretas. A luz era azulada. Vestido daqueles mais comuns em tempos mais longínquos. Sua boca vermelha mexia. A voz que ecoava pelo quarto vinha dela. Fitei-a. Parou de sussurrar. Seus olhos negros deixaram a janela brutalmente. Começaram a me encarar indiferente. Podia sentir um ar congelante pairar por todo ao cômodo. Pisquei várias e longas vezes. Não era ilusão. Ela estava lá. Olhei rapidamente para a porta, o tapete sujo do chão de madeira, para o quadro ao lado da minha cama. A porta estava fechada. O tapete, intacto. O quadro vazio. Não podia ser. Olhei para ela. Era ela. Era a jovem do quadro . Ela se levantou de uma cadeira antes não percebida. Foi andando até mim, sem fazer ranger a madeira do chão. Disse num sorriso:
— Vem, vamos brincar!
Lembrei. Era a prima Jayme. A prima com quem brinquei na infância. A prima que vi uma vez. Que vi sendo pisoteada por cavalos. Senti que o ferimento sangrava. Desmaiei.
Lua (Paula Viana de Barros), 8C
Final 3
“Era uma pintura desconcertante. Uma atrocidade a todos os sentidos: exalava um cheiro pútrido, as cores estavam encardidas, era ainda possível sentir o gosto de poeira na boca. E do lado esquerdo deste quadro adverso, uma vastidão de parede vazia, áspera, descascando. O lugar, de tão abafadiço, mantinha o ar cálido mais quente ainda. Os barulhos rançosos eram assustadores e desagradáveis. Deitei na cama. Ahhh. O linho do lençol era um deleite ao meu toque. Então cai nos braços de Morfeu e, em minha última visão, à luz de velas, vi um espectro e adormeci.”
David Silva Wasserman 05 8C
Para conhecer o conto todo, acesse: http://projetos.unioeste.br/projetos/leitura/arquivos/oficinas/texto02.pdf