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#Em 1a. pessoa #na sala de aula

E se Anne Frank houvesse registrado sua captura pelos nazistas?

Publicado em 02/10/2013 10:34

Após um bimestre de trabalho com o livro O menino do pijama listrado, durantre o qual questões relativas ao nazismo foram abordadas, os alunos dos 8os. anos produziram uma página do diário de Anne Frank, supondo que a garota houvesse tido condições de relatar como ela e sua família foram descobertos e capturados pelos soldados nazistas. Confira alguns dos melhores resultados.

6 de agosto de 1944

Querida Kitty

Ao contrário de como as coisas aconteceram quando nos mudamos para o esconderijo, os dias aqui demoram a passar, mais que isso, cada dia parece durar uma eternidade. Imagino que esteja se curiosa, se perguntando como acabamos chegando em um lugar como este, ou melhor, como nos descobriram em nosso esconderijo. Bem, vou lhe contar como ocorreu. Era manhã do dia 4 deste mês, estávamos amontoados em nossa mesa durante o café da manhã, quando ouvimos altos passos ecoarem pelo corredor que dava no abrigo. Subitamente, bateram na porta, a força foi tanta que a mesma estremeceu. O terror transpassou nossos exaustos olhos, como se já esperássemos o que estava por vir. Margot gritou e se refugiou embaixo da cama quando cerca de sete soldados, que carregavam símbolos nazistas em seus largos braços, irromperam pela camuflada porta de entrada. Certamente, havíamos sido delatados. Eles gritaram palavras quais não sou capaz de repetir, revistaram os cômodos e arrancaram as pessoas do esconderijo sem demonstrar piedade. Pude ouvir o alto choro de minha mãe e percebi que ela tremia. Meu pai levantou-se e estacou à nossa frente, como que para proteger-nos. A outra família, que dividia o abrigo conosco, tentou refugiar-se, inutilmente, em um dos cômodos. E eu, não sei direito explicar o porquê, fiquei encostada, como uma estátua, em um dos cantos da gélida parede, sentindo calafrios percorrerem meu corpo.

Rafaela Tchalian n°26, 8A

 

Querida Kitty,

6 de agosto de 1944

            Em um dia nublado, que parecia ser como todos os outros, alguém bateu agressivamente na porta. Mamãe ficou pálida, já que não estava esperando ninguém. Com a voz trêmula, chamou papai, que manteve a postura, embora, no fundo, estivesse com um pouco de medo. A mulher que sempre disse para mim e para Margot que devíamos enfrentar os problemas estava contradizendo seus pensamentos. Tomou-me pela mão e ordenou que me escondesse embaixo da cama, ao lado de Margot. As outras pessoas da casa corriam de um lado para o outro, tentando encontrar uma solução. O tenebroso som do intenso toque na porta alcançou novamente os ouvidos de todos. Depois de longos minutos de tensão, ouviu-se um estrondo na porta. Uma sensação estranha dominou meu corpo, sentia que aqueles eram meus últimos segundos de liberdade. O relógio bateu naquele instante e foi a última vez que apreciei aquele sútil e agradável som. O lenço que cobria a cama levantou-se e mamãe acomodou-se entre nós. Segurei fortemente a mão dela, lágrimas caíram de meus olhos e escorregaram pelo meu rosto. Ouvi o grito desesperado de meu pai, que tentou sacrificar-se por nós, mas nossos companheiros de esconderijo revelaram onde estávamos ao serem ameaçados pelos insensíveis e desalmados soldados. Cada vez o som emitido por suas botas ficava mais alto. Mamãe despediu-se de nós com sussurros que continham inesquecíveis, lindas e acolhedoras palavras. Foi arrancada súbita e brutalmente de mim e, depois daquilo, nunca mais a vi.

Diego Zancaneli – 8A

 

Querida Kitty

6 de agosto de 1944

Faz hoje dois dias da minha prisão. Penso que você deve estar se perguntando como tudo isso ocorreu, e como estamos todos nós. Bem, posso lhe avisar que fui separada de todos eles, e estou em um lugar muito esquisito, passando fome e com medo. Mas, como dizia meu pai, a coisa mais importante que é a minha vida, foi preservada. Bom, isso tudo começou na manhã do dia 4 de agosto, quando fui acordada pelos raios de sol que passavam por entre os panos mal costurados das cortinas, e já acordei sentindo o cheiro do bolo da mamãe. Levantei-me da cama e pude sentir o sol me esquentando. Margot e eu ríamos à beça, porém, aquela harmonia toda foi cortada por chutes na porta de casa, os quais pareciam jamais acabar. Margot me puxou para um canto e pude sentir suas mãos molhadas me abraçando e sua respiração extremamente rápida, balançando meus cabelos. Mamãe, papai e os outros estavam no cômodo mais próximo da porta, portanto foram os primeiros alvos. Do outro lado do corredor, podiam-se ouvir os gritos angustiados de cada um, até o momento em que todo aquele som acabou como se houvessem fechado uma porta. Silêncio. Meu estômago embrulhava, meu coração disparava e pude ouvir vagamente vozes na direção do quarto, junto com o barulho vindo do do assoalho. As vozes se aproximaram, e, de súbito, o silêncio foi quebrado por um chute na porta. Não me lembro de mais nada. Somente dos gritos desses homens assustadores, e de sentir pela última vez, o cheiro do cabelo de Margot, e suas mãos molhadas em meu rosto, até que tiraram-na de mim, e me vi sem família, sem rumo, sem nada!!

Laura Villanueva, 8B n18

 

Querida Kitty

6 de agosto de 1944

 A manhã de domingo parecia perfeita, os pássaros cantarolavam do lado de fora de minha janela e o barulho da carroça do vendedor de pães me acordou. Como se eu prevesse tudo o que estava por vir, despertei suando frio, abraçando fortemente o cobertor que me envolvia, e a primeira coisa que fiz foi procurar pelo meu diário com medo de perdê-lo. Lá estava ele, na primeira prateleira, como sempre. Todos fomos tomar café: papai, como de costume, estava sentado na cadeira da ponta da mesa; Margot, tirando o café borbulhante do fogão; e mamãe era a única que ainda não se adaptara totalmente à nova ”casa” devido à drástica mudança de sua vida, e por isso, não comia direito e com seu rosto sempre pálido, andava como se estivesse pisando em algodões, procurando não fazer um mínimo de barulho capaz de causar algum problema. Tudo parecia tranquilo e a mesa era tomada pelo silêncio, até que um ensurdecedor estrondo quebrou o harmonioso clima daquela manhã e a porta de entrada foi arrombada por homens formalmente vestidos com uma farda e uma braçadeira com o símbolo que nós mais temíamos. Suas enormes armas de fogo se direcionaram para nós, e mamãe, já fragilizada com tudo que vinha acontecendo, desabou como uma pedra no chão, com uma bala atravessada no peito, e morreu alí mesmo, estatelada. Papai segurou-se firmemente na cadeira em que estava sentado e Margot me abraçou de tal maneira que poderia quebrar meus ossos. Os infelizes nos levaram e nos colocaram em um vagão de trem imundo. O destino era um campo onde a vista não alcançava o final, cercado por inúmeros rolos de arame farpado, e foi alí que nossa família se separou pelo futuro previsível, eu espero, e cá estou eu em uma cela vazia com as três únicas coisas que me restaram, o diário, a caneta e a esperança de um dia sair daqui e reencontrar minha família.

Sua Anne

 Adriely Thalita – 8B

 

Querida Kitty

6 de agosto de 1944

Eu sei que provavelmente morrerei aqui em Auschwitz e por isso deixo a você um relato de como vim parar neste horrendo lugar. Há dois dias, um dia que aparentava ser comum, notamos um silêncio profundo no ar. Não parecia haver ninguém trabalhando no escritório do lado de fora do anexo. Foi então que por uma pequena fresta entre o anexo e o escritório percebi uma movimentação estranha de sombras. Ao encostar o ouvido na porta, escutei palavras em alemão e impulso instintivo me fez recuar. O pavor começou a corroer-me  e lágrimas soltaram-se dos meus olhos: Havíamos batalhado tanto para tudo terminar assim? Margot e meus pais perceberam meu comportamento estranho e acabei confessando tudo. Margot começou a desesperar-se e dizer que a culpa era dela e que devia ter se entregado assim que recebera a notificação. Todavia minha mãe, como sempre, tentou tranquilizá-la, apesar de estar desabando em lágrimas. Meu pai entrou em um estado de choque e começou a olhar para o vazio. O desespero aumentou tanto em todos nós que pensei em arrancar o “blackout” e jogar-me da janela. Mas nesse momento a porta foi derrubada e soldados entraram armados, nos arrastando para fora de nosso refúgio. Como última tentativa de escapar, chutávamos os soldados, até que ouvimos um tiro e nos rendemos, sendo levados para Auschwitz.

Mauro Simas Neto – 8C

 

Querida Kitty

Novamente, a minha vida mudou completamente. Há apenas dois dias, estávamos no nosso esconderijo como sempre. Mamãe estava cozinhando o jantar, papai estava lendo um livro e eu e Margot estávamos conversando tranquilamente quando, repentinamente, começamos a ouvir passos. Estes não eram passos leves, mas sim, pesados e extremamente ruidosos. Papai, cuidadoso como sempre, silenciosamente, ordenou que todos nós parássemos de fazer o que quer que estivéssemos fazendo e nos aproximássemos dele. Mamãe estava de olhos esbugalhados e suando profusamente, Margot ficava olhando para a porta de entrada a toda hora, roendo suas unhas, enquanto eu segurava a mão de papai com força, esperando o pior acontecer. E não tive que aguardar muito. Não sei como nos acharam, mas, após alguns instantes, a porta de entrada foi arrombada e entraram dezenas de soldados, os quais eu identifiquei como nazistas. Papai e mamãe não moveram um músculo, pois sabiam que de nada adiantaria, porém, eu e Margot gritamos devido ao susto. Os soldados rapidamente nos cercaram e, apontando suas armas em nossas cabeças, ordenaram-nos aos gritos que nós os acompanhássemos com as mãos na cabeça. Agressivamente, eles nos guiaram a um carro que nos levou, após longos minutos que pareciam horas, a uma prisão imunda e sombria.

Adré Kim Chan – 8D

 

Foi horrível! Desculpe-me pelas manchas que estão pela página, mas eu não pude impedir as lágrimas de escorrerem livremente pelo meu rosto. Eu estava conversando com Margot enquanto mamãe papai tiravam uma soneca. Como sempre, o relógio de Westertoren batia a cada quinze minutos e a tarde não poderia estar mais tranquila. Já ouviu falar que tudo o que é bom dura pouco? É assim que eu me sinto. Num momento, estávamos em paz e, no outro, muitos soldados invadiram o Anexo. Eles derrubaram a porta de nos agarraram pelo pulso. Papai foi separado de nós desde o início, e eu queria, mais que tudo, cuidar dele. Quando percebeu que iria se separar de nós, ele simplesmente se recuso a ir. Eles bateram no meu pai e, por mais que ele pedisse desculpas, por mais que ele implorasse e chorasse para que eles parassem, eles não o fizeram. Mamãe parou de falar. Ela não fala mais comigo ou com Margot. Tudo o que ela faz é encarar as paredes, encarar o que estiver à sua frente. Margot e eu já deveríamos ter desidratado de tanto chorarmos. Ela tenta não chorar na minha frente, como a irmã mais velha, mas as emoções são fortes e eu sei que, assim como eu, ela não consegue tirar a imagem do papai ensanguentado e machucado da cabeça. E só quero a tranquilidade de volta.

 Lúcia Moon 8D

6 de agosto de 1944

Querida Kitty

Ao ouvir aqueles fortes passos se aproximando cada vez mais, minha família e eu nos abraçamos e torcemos para que ninguém nos achasse em nosso escoderijo. Após dez minutos, ouvi o ruído da porta e depois disso, de tão nervosa que eu estava, só lembro que nos seguraram como se fôssemos animais. Eu entrei em pânico, fiquei paralisada, muda. Não sabia o que seria de mim. Todos da minha família estavam desnorteados. Eu nunca vi meu pai chorando, mas desta vez pude ver muitas lágrimas escorrendo em seu rosto. Os olhos negros de Margot estavam cobertos de água. E mamãe, sempre pensando nos outros, tentava nos acalmar, cantando com a voz trêmula a música que ela costumava cantar tão suavemente na hora de dormir. Naquele momento, percebi que nada mais poderia ser feito. Os nossos momentos de risadas e brincadeiras seriam trocados por lágrimas e pijamas listrados. Só nos restariam as recordações, lembranças de como a minha vida era perfeita e eu não sabia.

Denise Miho ,   8E

Querida Kitty

Eu nem sei por onde começar, mas sei que você não gostaria de estar no lugar onde eu estou. E agora, talvez, queira saber que lugar é esse. Antes de ontem, meu pai e Margot ouviam no rádio notícias sobre a Alemanha e eu estava preocupada com o volume, que eu julgava alto, por isso sentia meu coração mais acelerado que o normal, com um pressentimento muito ruim, como se ouvisse passos na minha cabeça. Pena que os passos não eram imaginários. Logo, entraram os soldados, pela portinha frágil do nosso esconderijo. Com suas vozes que se assimilavam aos trovões, e suas armas gigantescas, agarraram em nossos braços e nos puxaram com violência. Senti, na hora, meus vasos sanguíneos se dilatarem de pavor, eu conseguia ver no olhar de minha mãe que ela estava desabando por dentro. Ouvi Margot gritando, dessa vez diferente do modo como gritava antes, sentia seu desespero. A agressão dos soldados deixou uma marca roxa em meu braço que eu só notei quando entrei no caminhão sujo e nojento que nos trouxe para Auschwitz.

 Daniela Cavalheiro, 8E

Querida Kitty

                                                                                                         06 de agosto de 1944

Aqui estou, presa, fui trazida com os outros para Aushwitz, mas não podemos nos comunicar. Você deve estar se perguntando como cheguei aqui, pois bem, há dois dias tudo parecia perfeitamente normal no anexo, como todos os muitos dias que já haviam se passado desde que fomos para o esconderijo. No meio da tarde, ouvimos um barulho estrondoso que vinha do armazém, parecia que haviam arrombado a porta. Um alvoroço instantâneo e silencioso tomou conta do esconderijo, meu pai nos colocou no sótão e pediu silêncio. O medo me penetrou e esse mesmo mal estampava o rosto dos outros. Minha mãe abraçava Margot com as mãos trêmulas e lágrimas rolavam pelo seu rosto. Outro arrombamento. Agora mais próximo. O rosto do meu pai me alertou que o pior iria acontecer. Margot segurou minha mão e seus doces olhos, salgados pelas lágrimas, me fizeram querer protegê-la, mas o que eu poderia fazer se eu não era nada comparada aos soldados? O ranger dos degraus comprovou que não haveria escapatória. A porta do sótão se estraçalhou com a agressividade dos soldados e, no meio do barulho, do choque, do rebuliço de sentimentos, todos nós nos abraçamos. Porém, esse momento acabou rapidamente quando os soldados invadiram o cômodo. Nos entregamos, pois nada mais poderia ser feito. Um por um, fomos empurrados para a parte de baixo, todos cabisbaixos, na minha vez, olhei de rabo de olho para o rosto daquele monstro, seu olhar me amedrontou, pois estava cheio de raiva. O local onde o soldado me tocara estava quente, tão quente que eu sentia queimar não só fisicamente como também na alma e me senti totalmente desprotegida. Fomos trazidos para o campo de concentração e aqui nos tratam como se não fôssemos gente. Eu sei que tudo acabou, mas até agora estou em choque e não quero acreditar.

Catarina  de Lima Alvarenga, 8F

Querida Kitty

6 de agosto de 1944

     Já estávamos no esconderijo há um bom tempo. Margot piorava cada vez mais da gripe, e sua tosse não podia mais ser contida. Papai e mamãe estavam preocupados com Margot, não havia mais remédios e a qualquer momento a tosse poderia ser ouvida. Infelizmente, foi exatamente isso que aconteceu. Na noite do dia 4, todos dormiam. Era um silêncio absoluto, exceto por Margot, que tossia de cinco em cinco minutos. De repente, todos nós acordamos apavorados com o barulho de passos pesados soando pelas escadas. Inesperadamente, a pequena porta de nosso anexo foi golpeada e quebrada, e dezenas de soldados armados invadiram o cômodo, nos agarraram e nos bateram sem dó. Gritávamos desesperadamente, mesmo sabendo que isso não iria adiantar em nada. Eu podia, mesmo no meio daquela confusão, ver que as faces das pessoas expressavam indescritível pavor. Não podíamos  lutar ou protestar contra aquela violência. Com enorme crueldade,  os soldados nos retiraram à força do esconderijo. Todos nós sabíamos qual seria o nosso destino.

Luciana de Faria, 8F

Há dois dias ocorreu algo do qual eu não gostaria de lembrar, muito menos escrever. Mas sinto-me forçada a relatar o que aconteceu e dar um fim a essa história que vem decorrendo faz dois anos. Lágrimas manchariam este papel caso ainda houvesse em mim força o suficiente para tal. Era uma manhã nublada aquela em que Margot me acordou e me arrastou desesperada ao escritório. Lá estavam papai e mamãe abraçados fortemente, mas o que mais me surpreendeu foi que os dois estavam com os olhos vermelhos e inchados. Ao me virar vi que Margot estava escondendo o rosto, o que não adiantava, pois suas lágrimas escorriam por seu pescoço e caíam ao chão. Naquela hora já havia entendido o que acontecera. Mas não me sobrou tempo para lamentar, nem para abraçar ninguém. Um baque ensurdecedor anunciou a chegada daqueles que nós tanto temíamos e um silêncio pesado pairou sobre nós. Sabíamos o que estava por acontecer, mas ficamos lá parados, esperando que acontecesse. A porta havia cedido à força da raiva e desprezo que carregavam e os soldados invadiram o Anexo com seus corações frios e severos, matando toda esperança que havia pela frente, despertando todas as minhas aflições e meus mais obscuros pesadelos e me deixando sem onde escondê-los. Eles nos agarraram como se não fôssemos gente. E gritos preencheram todo espaço, gritos que havíamos segurado por tanto tempo, gritos que clamavam por compaixão. Mas, no fundo, nós sabíamos que compaixão seria a última coisa que eles sentiriam por nós.

Helena Lo Ribeiro – 8G

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