Do Band a Harvard: O congresso da American Heart Association: uma nova conquista

Publicado em 12/08/19

Olá!

No começo da semana, recebi uma ótima notícia: meu abstract foi aceito no congresso da American Heart Association! Isso significa que vou para a Filadélfia em novembro apresentar um pôster (tipo um resumo) de um dos projetos que desenvolvemos no laboratório esse ano, ao comparar duas drogas antiarrítmicas, isto é, contra aquela arritmia famosa sobre a qual a já escrevi aqui: a fibrilação atrial. Fiquei empolgada porque, apesar de ser obviamente fruto de um trabalho em equipe, esse projeto em particular aconteceu depois de uma ideia que eu timidamente propus. E deu certo!

Ao longo da faculdade, congressos médicos pareciam coisas distantes, monótonas e de adulto. No ano passado fui pela primeira vez a um desses. Foi com a SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) que percebi que nem tudo considerado “de adulto” é chato. Quão incrível foi ver pessoas discutindo medicamentos novos, abordagens diferentes e perguntas sem resposta. Pensar em descobrir algo novo foi um dos motores na minha decisão de prestar intercâmbio esse ano. E aqui estou!

Desde que cheguei a Boston, fui em mais três congressos. O primeiro deles foi em Yale (New Haven) sobre liderança LGBTQI+ em saúde. Apesar de ter vagas para apenas 300 participantes, foi um espaço de discussão com estudantes de todo os EUA e levantou o debate sobre desafios comuns enfrentados por universidades e centros de saúde referentes à temática LGBTQI+.

Meus colegas de casa e eu com a convidada especial do congresso: Zena Sharman

O segundo, na Filadélfia, foi o Encontro de Clínica Médica da American College of Physicians. Com aproximadamente 4 mil participantes do mundo inteiro, abordou temas de modo bem abrangente, já que vez que a Clínica Médica engloba pedacinhos das mais diversas especialidades. Frequentei aulas desde neuro e cardio a medicina intensiva, infecto, competições entre residentes etc. Nos horários pós-congresso, consegui ainda conhecer a cidade que, felizmente, vou ter a oportunidade de poder visitar de novo (para apresentar meu pôster, uhuu)! Congressos são ótimas oportunidades para um o turismo…e acho que é o propósito também, porque nos sites dos congressos sempre há dicas sobre passeios, restaurantes…

Um dos passeios que me marcaram e que vou compartilhar aqui foi ao visitar a Eastern State Penitentiary. É uma das prisões mais antigas dos EUA (aquela que manteve por um tempo Al Capone). Foi criada, inicialmente, para tentar reformar o sistema prisional, acreditava na reabilitação dos presos através do completo isolamento em celas privadas e sem comunicação com ninguém, nem mesmo com os guardas. A ideia era que os presos pudessem pensar sobre os crimes cometidos e “se arrependerem”. Após um tempo, o modelo passou a ser insustentável tanto pelo espaço físico quanto pelas ideias circulantes de sistema prisional. A partir de então, passaram a conviver juntos e a ter um modelo mais semelhante ao que conhecemos hoje em dia. Ao andar pelos corredores da penitenciária com um áudio guia é possível mergulhar na história e entender parte do sistema carcerário. Ao final, havia uma exposição sobre o sistema carcerário na atualidade, onde trouxeram debates sobre raça, gênero, classe social e política (polêmico e universal!).

Corredores da penitenciária

 

Cela da penitenciária

Por fim, o terceiro congresso foi o Translational Neuroscience Center Symposium, organizado pelo Boston Children’s Hospital. A priori, queria assistir a apresentação de pôster de um dos meus amigos, mas acabei pilhada com os outros eventos. O tema desse ano foi terapias em neurociência, traçando caminhos desde moléculas e genes até a prática clínica. A aula que mais me marcou foi de um neurocientista que criou um implante cerebral que funciona como uma interface cérebro-computador capaz de recuperar movimentos de pessoas com paralisia. Claro que ainda está em desenvolvimento, mas imagina que revolucionário pras milhares de pessoas com alguma deficiência motora!

Em novembro é a minha vez de ser um tijolinho nessa construção do conhecimento. Às vezes tenho a impressão de que as pesquisas são tão específicas que parecem irrelevantes, mas é isso…não existem grandes heróis descobridores, o conhecimento é construído e compartilhado e tão importante quanto o momento Eureka! É o tijolinho que alimenta paredes e novas ideias. Congressos reúnem pessoas curiosas, motivadas para continuar essa empreitada, construindo esses raros muros que agregam!

Giovanna Pedreira

Os alunos formados no Band em 2014, Giovanna Pedreira e Leonardo Pipek, estão tendo uma oportunidade única! Em um programa de intercâmbio da Faculdade de Medicina da USP e da Harvard University, os dois passarão um ano estudando em Boston. Confira o Blog dos estudantes que será atualizado toda semana!

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