Cambios poéticos:
potencia en imágenes y sentimientos

Cambios poéticos:
potencia en imágenes y sentimientos

Unas veces me siento como pobre colina y otras como montaña de cumbres repetidas. Unas veces me siento como un acantilado y en otras como un cielo azul pero lejano. A veces uno es manantial entre rocas y otras veces un árbol con las últimas hojas.

Pero hoy me siento apenas como laguna insomne con un embarcadero ya sin embarcaciones; una laguna verde inmóvil y paciente conforme con sus algas sus musgos y sus peces, sereno en mi confianza.

Confiando en que una tarde te acerques y te mires, te mires al mirarme.

(Estados de ánimo – Mario Benedetti, 1973)

A tensão entre os estados de ânimos expostos no poema do uruguaio Mario Benedetti (1920 – 2009) foi o ponto de partida para a reflexão proposta aos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental do Colégio Bandeirantes pelas disciplinas de Artes e Espanhol. Os resultados desta reflexão estão exibidos na exposição virtual Cambios poéticos: potencia em imágenes y sentimentos. Esta é a quarta edição do evento que o Colégio Bandeirantes faz em parceria com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Embora se tratasse de um poema sobre amor, o tema de um humor em frequente mudança foi adequado a um ano repleto de desafios e novas oportunidades, ganhos e perdas impostos pela pandemia do COVID-19. De sua forma literária, o poema inspirou o exercício de fotografia no segundo bimestre, tornando-se então o estímulo para experiências sonoras e performáticas no terceiro bimestre, terminando com a liberdade colorida da técnica de lightpainting. A seleção apresentada nesta exposição procurou organizá-la em três grandes temáticas presentes na produção dos alunos, que dão o tom para cada sala visitada.

O Mar de Espelhos reúne ilustrações de uma realidade doméstica que promete proteger nossos fotógrafos e fotógrafas, ainda que inadvertidamente contribua para a sensação de clausura. O que você vê? Sobre o que você anda refletindo? Que nuances sobre sua identidade, personalidade, papel no mundo e na vida você tem percebido? Assim como o reflexo dos vidros nas janelas das varandas, as fotos refletem o interior e mostram um exterior, mas evidenciam o limite liso e frio entre ambos.

A Estrada para a Imaginação mostra tentativas de usar a criatividade para romper o confinamento, ora pelo ímpeto da rebeldia, ora por uma anima que se recusa a ceder ao tédio. O que eu faço quando eu não sei o que fazer? Como eu faço quando eu não sei como fazer? Para onde eu vou, ou tento ir?

Finalmente, o Universo de Possibilidades fecha a exposição apresentando expressões que por vezes transcendem para o abstrato. Ou nos transportam para cenários alternativos onde a pandemia nunca aconteceu. E se eu pudesse? E se fosse de outra forma? E se não existisse? E se?

As salas nos remetem ao câmbio poético, o caminho percorrido pelos estados de ânimo destes adolescentes que aprendem a usar da expressão para empreender essa jornada que trata de tornar um tempo tão sufocante em um suspiro de liberdade.