Por Bruno Bologna, 3B2
“Há muita coisa estranha em tudo isso. Por volta de uma semana atrás, os veículos midiáticos de massa conservadores posicionaram-se a favor da repressão da PM. Não é de se espantar, visto que um protesto notoriamente de esquerda pode trazer a tona os ideais que nunca estiveram dormindo e influenciar aqueles que nunca acordaram. Ao denegrir a imagem da porção majoritária de manifestantes caracterizando-os como vândalos, diversos jornais, revistas e emissoras fizeram seu papel. Mas fizeram-no deliberadamente. Esqueceram-se da internet. Por meio desta, vieram a tona imagens de pessoas reprimidas por estarem participando pacificamente de um protesto, revoltando grande parcela da população, inclusive eu. Não faz sentido que em um protesto legítimo, a ação da polícia atinja não só àqueles chamados de “baderneiros”. Infelizmente, o que fez sentido nisso foi a repercussão de uma mídia conservadora para uma população de maioria conservadora. O fato é: essa maioria também se revoltou. Revoltou-se porque enxergou nas atitudes do governo, da polícia e, principalmente, da mídia, a manipulação a que é submetida. Não é a toa que muitos foram para as ruas. Assim como os progressistas, os regressistas viram na falta de liberdade de expressão um motivo para se manifestarem. Nos protestos seguintes, atitudes estranhas me chamaram a atenção. É fácil entender a ação da polícia repressora diante de uma agressão a um patrimônio público. O difícil foi ver manifestantes deteriorarem a prefeitura de São Paulo e a polícia não agir. Difícil, eu digo, pois vejo nisso uma forma de mostrar para os manipulados a necessidade de uma repressão para as manifestações. Mas o que mais me impressiona é a mídia ter mudado de lado em relação aos protestos, insistindo no fato de serem pacíficos e que os vândalos não representam a maioria, dessa vez esquecendo-se da polícia. É triste admitir, pelo que vejo, que isso decorreu porque os manipulados infiltraram-se na maioria. Destes fazem parte os que levantam bandeiras conservadoras, como a criminalização do aborto e a redução da maioridade penal, pedem impeachment dos políticos democraticamente eleitos, utilizam-se de seu nacionalismo ufanista como justificativa para uma discussão que deveria basear-se nos direitos humanos e agem, por seu antipartidarismo, de maneira fascista. Lembrando que apartidarismo não implica em antipartidarismo. Sem contar as pessoas que compareceram ao protesto pela teoria da manada para postar foto no Instagram com os famosos hashtags na legenda. Não sei qual será o caminho destes protestos, mas temo o surgimento de um líder antidemocrático e fascista. Para me espantar um pouco mais, parece que a população já está à procura de um. Uma última coisa, cuidado, você que aclama por este líder pode estar muito mais perto do fascismo do que imagina. O gigante acordou, agora só falta estudar história.”