Abriram a janela do quarto, e lá estava a cama do céu com o mar.
Naquele dia de céu frio, o sol decidiu não aparecer detrás das nuvens.
A única luz era a do farol. Fantasmagórica, seca e cada vez mais distante.
As ondas quebravam relutantemente na madeira gélida do pequeno veleiro a sair sem rumo…
O mundo era frio, a não ser pelo beijo demorado dela, destoante da imensidão cinza de céu e oceano.
Contra a corrente que empurra tudo para um passado fincado em terra firme, os dois seguiam à mercê do vento que espalhava todas as promessas e suspiros pelo alto-mar.
Alto-mar, esse, que todos só sabem que sonham em conhecer após abrirem a janela depois de acordar e lembrarem-se daquilo com o que um dia foi sonho.
Pedro Forbes, ex-aluno, 2015