Na primeira semana de aula, não lembro o dia certo, eu estava na 3H2 e a Amanda Sadalla veio um tanto ansiosa perguntar se eu tinha recebido uma mensagem enviada por ela. Não, eu não havia recebido. Achei que ela queria resover alguma dúvida do tema em que estávamos tratando ou coisa parecida. Mas não era nada disso. Era sobre uma descoberta. Ela descobriu uma das grandes escritoras da literatura mundial: Clarice LInspector. O texto que segue nos dá a chance de descobrir também…
“Nestas férias, assisti a uma entrevista da escritora Clarice Lispector e fiquei encantada com a forma como ela explicava suas obras, com a humildade com que expressava seu ponto de vista ( http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok ), e com a sensibilidade ao se referir às pessoas. Meu interesse pela escritora foi tanto, que até meus amigos se interessaram por suas obras, me presenteando com dois livros da autora: A Hora Da Estrelae Minha Queridas, além de um filme sobre a obra A Hora Da Estrela, da diretora de cinema, Suzana Amaral. Como vocês podem imaginar, ‘devorei’ o primeiro livro inteirinho esta tarde, e apesar da triste história, amei o livro! Assim que o abri, já tive minha primeira surpresa: ‘quantas observações, quantos devaneios!’ Bom, o que mais gostei no livro foi a forma como Clarice conseguiu em apenas uma personagem, Macabéa, uma nordestina que passa a viver no Rio de Janeiro trabalhando como datilógrafa, retratar a pobre e humilde realidade de tantos brasileiros, realidade esta, que pouco conhecemos. Diz Clarice no livro ‘Faço aqui o papel de vossa válvula de escape e da vida massacrante da média burguesia. Bem sei que é assustador sair de si mesmo, mas tudo o que é novo assusta’. Além de me apaixonar pela humildade de Macabéa, que apesar da sua ignorância sobre sua própria ignorância, apesar da falta de conhecimento é apaixonada pela vida. Podemos notar isso no trecho: ‘(…) Eles disseram que se devia ter alegria de viver. Então eu tenho(…)’ e em seguida a autora diz: “Não chorava ( Macabéa) por causa da vida que levava: porque, não tendo conhecido outros modos de viver, aceitara que com ela era assim“. Eu poderia passar horas escrevendo-lhes tudo o que este livro me despertou, mas, termino com uma linda frase a qual me apeguei durante toda a leitura do livro, e com a qual Clarice refere-se à alma de Macabéa: ‘Não é preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa – basta acreditar.Isso lhe dava (referindo-se à Macabéa) às vezes estado de graça. Nunca perdera a fé’. Uma vez um querido professor de História me disse para que eu nunca perdesse a fé, não necessariamente uma fé baseada em uma religião e crenças, mas uma fé própria, a fé de acreditar em si mesmo, de manter nossos sonhos, de lutar por quem amamos. Macabéa não tinha nada, não tinha pai, mãe, família, amigos, não tinha uma casa, um carro, bens materiais, não tinha grandes sonhos, não sabia ler ou escrever, mas tinha uma fé que era só dela, e que dela, ninguém conseguiria arrancar, fé esta, que, muitos de nós seres humanos, os quais desfrutam de uma vida de grandes luxos, não têm. E por isso, enquanto muitos de nós são tristes, muitas Macabéas, humildes, e talvez, ignorantes, são somente,felizes.”