O Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (EPEF) é um evento que, desde sua criação, em 1986, tem aberto um espaço privilegiado para a discussão entre pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, promovendo reflexões e ações de cunho político, científico e educacional. Em consonância com as aflições e reflexões oriundas da pandemia do Covid-19, a temática do XIX EPEF foi “Perspectivas e Desafios da Pesquisa em Ensino de Física em tempos pandêmicos: o que aprendemos e para onde vamos?”.
Neste evento, o coordenador de Física, Alexandre Magno (conjuntamente com Fernanda Sodré e José Ortega, em nome da equipe de Física do Band, e Cristiano Mattos, do IFUSP), e o coordenador de Ciências, STEM e STEAM, Renato Villar, apresentaram os seguintes trabalhos respectivamente: “Física e Rapel: uma proposta da investigação científico–cultural no ensino de Física” ; “Caminhar e a força de atrito: qual a origem das concepções alternativas?”.
A pesquisa apresentada pelo professor Alexandre trata de uma atividade realizada por alunos da 2.a série do Ensino Médio, que vivenciaram a utilização de polias fixas e móveis no estudo de forças aplicadas em cordas, roldanas e corpos suspensos, por meio da prática de rapel nos vãos do pátio da escola. Tais atividades foram elaboradas em conjunto pela equipe de professores de Física do Band, com base na investigação científico-cultural. Alexandre explicou que esta abordagem tem como intuito expandir o espaço e as vivências tradicionais de sala de aula, uma vez que os estudantes utilizam instrumentos de rapel para experimentar a redução de esforço ao erguer colegas, situação posteriormente tratada pela modelagem das forças em sala de aula e também explorada nas avaliações. Tal vivência possibilitou um engajamento mais significativo na aprendizagem dos conteúdos da Mecânica.
Após a apresentação, o professor Alexandre, que possui experiência como instrutor de rapel, explicou que, desde o início, era chamado para montar arranjos de roldanas e verificar a quantidade de força suportada pelas cordas, garantindo a segurança dos esportistas. Esta vivência permitiu que vislumbrasse uma atividade para o ensino de Física e que foi implementada pelo Band.
Já a pesquisa apresentada por Renato trata de uma investigação sobre erros conceituais em livros didáticos utilizados em diversas escolas atualmente e de alunos de 3.a série do Ensino Médio quando estudam atrito. Analisando respostas do ENEM envolvendo forças ao caminhar, ele verificou que alunos mais treinados optam pela alternativa que apresenta a ideia da força de atrito contrária ao movimento do corpo e não ao deslizamento entre as superfícies. Tal concepção também foi encontrada nas abordagens acerca do atrito em manuais didáticos, o que pode sugerir que esta concepção alternativa tenha origem escolar.
Veja os trabalhos apresentados nos links a seguir:
https://sec.sbfisica.org.br/eventos/epef/xix/sys/resumos/T0079-1.pdf
https://sec.sbfisica.org.br/eventos/epef/xix/programa/trabalhos.asp?sesId=23