Semana passada eu estava na 3B4 falando sobre imperialismo na África e a tragédia ocorrida no Congo no final do século XIX e aí veio o Pedro Craveiro perguntar se eu conhecia um didtador africano chamado Kony. Eu disse que não, mas pedi mais informações. Gentilmente recebi uma mensagem dele contando sobre o caso. O sujeito foi ditador em Uganda que utiliza crianças para os mais diversos fins, inclusive soldados no exército do tal ex-ditador. Um ou dois dias depois, o Vinicius da 3B1 queria saber minha opinião sobre o mesmo assunto. Mas eu ainda não tinha! Sexta-feira passada a Júlia Messina, da mesma 3B1, mandou uma mensagem tratando com acuidade o problema. Ela escreveu que existe uma organização “Invisible Children” que faz uma campanha para que os Estados Unidos intervenham no país para salvar as crianças. Reproduzo a parte mais importante: “Quando eu assisti a um vídeo oficial do grupo “Invisible children”, notei que o fator emocional está intimamente ligado à estrategia de convencimento dos espectadores (como em qualquer causa humanitária, claro) e eu realmente pude perceber o problema na Uganda, mas não sei se me convenci tão bem sobre a validade desse projeto…. Achei que foi um pouco ruim o modo como eles canalizaram todo o mal e todo o terror em apenas uma pessoa (Koni). No vídeo, esse homem é colocado como a causa de tudo – ou seja, sua captura implicaria no fim do problema – o que, para mim, não faz sentido! Matar o Osama Bin Laden não acaba com o Al Quaeda nem com toda a estrutura de terrorismo do mundo. Isso me pareceu uma visão um pouco ingênua das coisas… Se o objetivo é acabar com o abuso infantil na Uganda, intervenção militar e morte ao líder não me parece uma solução definitiva. O que quero dizer é que, assim como O Koni surgiu, podem surgir muitos outros, até mesmo do exército da Uganda (ouvi falar também que há organizações militares na África tão corruptas e inescrupulosas quanto Koni). Mas, se por um lado me pareceu ingênua a maneira como traçaram o objetivo da ação, por outro achei bem sagaz a forma escolhida para divulgá-la. Já é mais do que claro o poder que a internet exerce sobre nós atualmente, ela é uma nova arma para a conquista de opiniões em massa e divulgação instantânea. O poder do público tem se expressado online nos últimos tempos.” Excelente.
Sobre isso, o Pedro da 3B4 também concorda. E, ao indicar para mim o vídeo da campanha, ele adverte: “creio que é meio parcial também, puxando para o lado que deseja prendê-lo, mas se metade do que falarem já for verdade, a situação já se torna crítica.” (o negrito é meu). Também excelente.
Ambos abordaram o assunto com uma notável capacidade crítica que me faz encerrar este texto feliz com a percepção dos alunos desta escola.
Para terminar de verdade, também não podemos deixar passar que em no nosso país – uma sociedade democrática em ascensão, relativamente organizada e em certa medida próspera – também existem crianças que estão tendo suas infâncias roubadas pela prostituição, pelas drogas, e o que é pior, pelo descaso de quem detém o poder e deveria cuidar delas…
Pérsio