Caros alunos, vejam agora outro ótimo editorial, escrito pela aluna Luíza, da 3I. O texto, feito a partir de uma proposta de produção textual em ELin2, já começa de modo expressivo a partir do título – uma clara menção ao célebre poema de Vinícius de Moraes, totalmente oportuna à opinião assumida no texto. Nele, Luíza discute a problemática dos moradores de rua no bairro do Ipiranga pela perspectiva dos direitos humanos, questionando os indivíduos que apenas se incomodam com seu próprio desconforto, negando a humanidade das pessoas em situação de rua. Há, por fim, sugestão de medidas cabíveis à situação. Boa leitura e reflexão a todos!
Se não tinha teto, não tinha nada?
Luíza Bronsarto Motta
Por toda São Paulo, os números são alarmantes. A quantidade de pessoas em condição de rua tem crescido. É o que diz a Fipe, Fundação do Instituto de Pesquisas Econômicas, ao afirmar que nos últimos 15 anos, a população de rua dobrou. Todavia, não são necessários dados para comprovar esta realidade: basta observar a Avenida Nazaré, as ruas próximas ao Parque da Independência, entre outras. Regiões cheias de barracos em que residem cidadãos sem nenhuma condição digna de vida.
Atualmente, este número pode ser justificado pelo crescente nível de desemprego que assola o país. Com seus negócios falidos ou demitidas do trabalho, inúmeras pessoas de bem se tornam extremamente endividadas ou recorrem às drogas. Nessas situações, muitas vezes a rua se torna destino de abrigo.
Assim, cidadãos comuns se tornam invisíveis aos olhos de uma sociedade acostumada à individualidade como valor bruto. Essa invisibilidade permite a prorrogação de suas condições sub-humanas em rua, expostos a doenças, fome, e grave estresse psicológico. Esses abalos tendem a tornar as pessoas não-domiciliadas debilitadas, instáveis – o que, aos olhos do povo, infelizmente, se traduz em posição de perigo, em uma ameaça.
Como resultado dessa situação, há um explícito desrespeito aos direitos humanos, no qual até mesmo o bairro do Ipiranga tem responsabilidade. Como já citado no jornal, muitas vezes, o aumento da população de rua é proporcional ao sentimento de desconforto recorrente entre os moradores da região que, perante os vizinhos informais, tendem a ser condescendentes com a infração à vida, que ocorre diante de seus olhos.
Portanto, cabe às autoridades proverem abrigo e assistência à população de rua, tal como realizado em iniciativa da prefeitura no ano de 2017. Nela, milhares de moradores de rua foram direcionados a abrigos públicos, sob orientação e assistência de profissionais, como médicos cuidadores, etc. Também deve-se contar com o protagonismo dos moradores do bairro para resolução do problema, devendo reportar onde há moradias informais às autoridades, cobrando-lhes providências comprometidas com os direitos humanos. O direito à vida digna é de todos, para todos.