A neblina envolvia os prédios ao seu redor. Fazia frio, mas ele não sentiria o vento através do casaco escuro. Escuro como a noite. Perfeito.
O relógio marcou a meia-noite no exato segundo em que ela apareceu. Em verdade, não podia vê-la claramente. O vulto que se aproximava vestia roupas negras e trazia o rosto coberto por um capuz. Mesmo assim, ele estava certo de que era ela. Ninguém mais andaria com tanta segurança por aquelas ruas. Ninguém mais caminharia a seu encontro. Não na calada de uma noite de inverno.
Ela entrou no beco e parou em frente a ele. Ainda assim, não conseguia ver seu rosto. Isso não o agradou.
Por longos minutos, não disseram nada. O silêncio era quase tão denso quanto a névoa que se agarrava a suas roupas. Até que ele pigarreou.
“Qual é o preço?”
Ela sorriu. Seus dentes reluzentes se destacaram na escuridão. A resposta veio em uma voz doce, musical:
“Aceito diamantes.”
Gabriela Tchalian, 3E2