Outro dia, na rede social, uma professora do Band compartilhou, em sua página, esta tirinha do Armandinho:
https://www.facebook.com/tirasarmandinho?fref=ts
O interessante é que, assim que a tira foi publicada, um ex-aluno, o qual concluiu a 3.a série em 2012, comentou: “Acho que uma das suas amigas, Karla ou Cátia, vai inventar de colocar isso na prova e perguntar ‘no que consiste a ambiguidade’…”! Mas será que há ambiguidade na tira? Vejamos.
No primeiro quadrinho, a pergunta feita a Armandinho sugere um sentido para a frase na placa que ele carrega: o termo “vendo” seria a forma da primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “vender”. Entretanto, no segundo quadrinho, o garoto deixa claro que estava apenas admirando a beleza do fenômeno natural, portanto “vendo” passa a ser entendido como a forma nominal de gerúndio do verbo “ver”.
Desse modo, não se pode afirmar que haja ambiguidade, já que os dois possíveis sentidos atribuídos à frase na placa que o Armandinho carrega não se sustentam, não valem ao mesmo tempo. Quando ele revela a mensagem que teve a intenção de transmitir, o sentido de “Vendo pôr-do-sol”, sugerido pela fala do adulto no primeiro quadrinho, é eliminado. Percebe-se que o cartunista explorou formas coincidentes de verbos distintos para criar uma situação na tira, em que a falta de entendimento entre as personagens causa humor, ou seja, é engraçada.
A personagem Armandinho foi criada pelo agrônomo e publicitário Alexandre Beck, de 40 anos, numa evidente recriação de outro garotinho, o Calvin, de Bill Watterson. Essa versão tupiniquim lembra um pouco também a argentina Mafalda, do cartunista Quino.
Não há como não simpatizar com Armandinho. Não há como não apreciar o uso criativo que o cartunista Alexandre Beck faz da língua portuguesa.
Para saber mais sobre a personagem e seu autor, acesse o link:
http://oglobo.globo.com/megazine/contestador-armandinho-ganha-fama-no-facebook-8027174