Olhos, apenas, não o são. Mas, sim, lentes por meio das quais enxerga-se um oceano selvagem e gélido. Ao espiar através delas, é possível visualizar as ondas colidindo incessantemente entre si, ameaçando romper através das bordas das íris e afogar tudo que estiver ao seu alcance. Quanto mais se insiste em contemplá-lo, mais forte parece a escuridão que preenche as suas profundezas. E quem ousaria, um dia, mergulhar nos abismos desse mar revolto – se deixar envolver por suas águas, que prometem amar e destruir tudo aquilo que conseguirem atingir?
Luísa Helena, 2H2