Recentemente, o professor de Educação Física e Basquete Paulo Godoi e o coordenador de Educação Física e Esporte Carlos Alberto De Simone, em uma palestra feita em parceria com o IBMEC, entrevistaram Fernanda Keller, um dos maiores nomes do Triathlon Ironman, a única competidora a ter completado a prova todas as vezes que a realizou e precursora da teoria do Triathlon, tendo iniciado sua carreira em uma época em que ainda não havia nem sequer literatura sobre a modalidade.
“Às vezes é fácil falar que, para conseguir resultado, é preciso ter determinação, foco e se manter sempre ativo. Esse discurso cai no senso comum. Mas você realmente conquistar é outra realidade. Falar com uma pessoa que fez isso é algo muito importante.”, explica De Simone ao falar sobre a importância de uma entrevista com uma pessoa tão vencedora. Ele ressalta o peso de uma autoridade ao tratar do assunto.
Paulo Godoi conta como a mensagem de Fernanda sobre o trabalho duro o impactou. “Ela deixa claro que não adianta ter talento se não trabalhar duro. Muitas pessoas podem não ter o dom, mas chegam longe com trabalho. Nós, do Esporte, sempre comentamos uma frase do Kevin Durant: “O trabalho duro vence o talento quando o talento não trabalha duro.”. A perseverança que ela tem para sempre finalizar as provas, com muita preparação e valorização do processo são coisas que inspiram. Quando se valoriza o processo, o resultado vem. Ela foi a única atleta que terminou todas as provas de Ironman que começou. De tantas milhares de pessoas, ela é a única. Ninguém chega a um rendimento tão alto apenas com talento.”.
O professor De Simone, que foi atleta de handebol, percebeu diversas semelhanças entre sua carreira e a de Fernanda. “Temos uma mentalidade parecida, de muito esforço e determinação. Quem quer ser atleta de alto rendimento tem que abrir mão de muitas coisas. Ela citou que deixava de sair à noite porque tinha treino no dia seguinte, o que aconteceu comigo milhões de vezes. O mesmo vale para alimentação. Tem que ser regrado. Mas o que mais me chamou a atenção foi a preparação mental. A Fernanda explicou que sempre entrava na prova uma semana antes e passava esse tempo já focada, imaginando cada uma das situações que poderiam ocorrer e como lidar com as adversidades que sempre se apresentam em uma modalidade tão desgastante tanto fisicamente quanto emocionalmente e tão longa como é o Ironman.”.
“Um atleta sempre quer devolver um pouco do que o esporte lhe deu. Não financeiramente, mas especialmente a questão dos valores que carrega. A gente transcende a sala de aula, o muro da escola, tenta ajudar alunos e outras pessoas e retribuir ao esporte, porque não estaria aqui se não fosse por ele. Com certeza a Fernanda quis, de sua maneira, fazer o mesmo e a proporção que ela ganhou a ajudou a conseguir retribuir em escala ainda maior.”, explica Paulão. De Simone completa. “Não conheço outra pessoa que, depois de tanto tempo, consiga seguir competindo dessa maneira. Imagine, a Fernanda é a única a ter completado o Ironman todas as vezes que disputou e são mais de 30 anos participando. Isso exige demais em todos os sentidos e ela superou barreiras que ninguém mais superou.”.