Querido leitor,
Espero que você esteja bem! Hoje quero mostrar uma das atividades que mais gosto de fazer aqui nos EUA: hiking! Hiking é o nome que eles dão aqui para “fazer trilha”. Em alguns finais de semana fui para o White Mountain National Forest desfrutar um pouco da natureza. Essa área de preservação federal fica no estado de New Hampshire (NH), ao norte de Massachusetts, e existe desde 1918.
Essa região montanhosa fica a cerca de 2h30 de carro de Boston e é muito interessante, com paisagens muito diferentes das brasileiras (que são maravilhosas também!).
Para chegar até o topo dessas montanhas e voltar ao início da trilha, nós costumamos levar cerca de 5 a 7 horas, o que é uma bela caminhada. É um pouco cansativo, mas como gosto muito de me exercitar e de estar em meio à natureza, acho que vale muito a pena! Nessa região há também outras alternativas que são mais leves e que permitem que as pessoas possam se exercitar e ter contato com essas lindas paisagens. O acesso tanto às trilhas mais difíceis quanto às mais fáceis é muito fácil, e as estradas são quase todas bem pavimentadas e bonitas.
É ótimo ter uma área de conservação que pode ser facilmente visitada por turistas de vários tipos e, apesar disso, as paisagens naturais continuam sendo preservadas. Em 2015, havia 25.800 áreas protegidas nos EUA que cobriam cerca de 14% da área terrestre estadunidense (hoje mais próximo de 13%; fonte https://www.protectedplanet.net/country/US). Há 154 National Forests, além de 62 National Parks e muitos outros parques estaduais.
No Brasil, atualmente 18,15% das áreas continentais estão em unidades de conservação (somando áreas de Proteção Integral e áreas de Uso Sustentável; fonte: https://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/mapas.html).
Fiquei surpreso ao descobrir que o Brasil possui tantas áreas destinadas a Unidades de Conservação, mas continuo com a impressão de que ter acesso a essas regiões no Brasil ainda é, de certa forma, mais difícil do que aqui nos EUA. Outra hipótese é que o turismo ecológico é menos divulgado no Brasil do que aqui (se formos comparar visitas aos parques nacionais, em 2019 nos EUA houve 327 516 619 visitas contra cerca de 12 400 000 no Brasil; fontes: https://www.nps.gov/aboutus/visitation-numbers.htm http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/12415-visita%C3%A7%C3%A3o-em-parques-nacionais-bate-novo-recorde.html).
O Brasil tem um potencial imenso para esse tipo de turismo que segue inexplorado, e que pode trazer muitos benefícios tanto do ponto de vista econômico quanto para a nossa própria população, que não usufrui tanto das nossas belezas naturais e não conhece o país em que vive (me incluo nesse grupo). Acredito que devemos incentivar o turismo que respeita o meio ambiente, e que contribua positivamente para a preservação das vastas áreas naturais do Brasil. É difícil fazer planos nesses tempos, mas quero conhecer muitos lugares no Brasil, assim como tenho feito aqui nos EUA!
E só para encerrar, infelizmente o Brasil ainda está em um contexto de pandemia completamente diferente do que estou vivendo aqui em Massachusetts (MA). Nos últimos 30 dias, a média de novas infecções não passou de 300 novos casos em MA, e menos de 80 novos casos em NH. Fazer trilhas é uma atividade relativamente segura em relação ao COVID-19, dado que você faça sozinho ou com pessoas que moram com você, e principalmente no contexto de poucos novos casos em ambas as regiões (de origem e onde ficam as trilhas). De qualquer forma, não custa nada sonhar, e hoje em dia temos muitas ferramentas virtuais ao nosso alcance que nos permitem explorar um pouquinho das maravilhas brasileiras e começar a fazer a lista de lugares para visitar após a quarentena. Até a próxima,
Lucas.
Lucas Umesaki se formou no Colégio Bandeirantes em 2015, e desde 2017 é aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Neste ano, terá o privilégio de vivenciar um dos principais centros de pesquisa do mundo em um programa de intercâmbio. Atualmente é Research Trainee no Brigham and Women’s Hospital, um dos hospitais filiados a Harvard Medical School.