Sentir a dor na essência
Ah, se eu fosse adolescente…
Me encontraria amando e sendo amada, me deslumbraria com novas descobertas, teria sede pelo inédito e aproveitaria cada momento, namoro, beijo, amasso, caso e acaso.
Mas faria tão mais que isso.
Me aprofundaria cada dia mais nas duvidas e questões alheias, me pegaria contando os segundos perdidos, mergulharia no sentido da vida, para, no final, concluir que não há nenhum, mas que há vários. São todos.
A risada com os amigos e as causas defendidas com todo o coração, os gritos em público e choros escondidos, as frases de Facebook e os filmes clichês, esses sim, são o sentido da vida. Ou melhor, o sentido da adolescência.
Se virar ao avesso e desdobrar-se inteiro para, enfim, achar seu verdadeiro eu, e nessa jornada, que dura anos, descobrir que, na verdade, você sempre esteve ali. Esse sim é o sentido da vida.
E é claro, eu chamo adolescência de vida, porque enquanto você está nela, parece inacabável, até que, então, acaba. E você se encontra, anos depois, pensando, na época e nas aventuras desastrosas vivenciadas, e se esquece, da montanha-russa de sentimentos, que é viver, na dor da essência.
Mentes profundas e corações vazios, mas ah, se eu fosse adolescente…
– Flavia Trabulsi, 2l