A vida não anda fácil
Anda tropeçando, claudicante
A vida caminha molhando os pés nas poças,
esbarrando nas pessoas à frente
vira e mexe para e afaga um cachorrinho que passa.
A vida anda num pé só, a vida dá pulinhos e por pouco não cai
A vida anda dando estrelas, rodopia, rodopia,
rodopia e para. Ficou tonta.
Pronto, passou. Vai voltar a andar.
Mas aí abaixa e pega uma moeda que viu no chão,
e a olha um minuto ou dois e volta a jogá-la no caminho.
A vida não anda fácil
e às vezes se mete no caminho dos outros.
Aí a vida anda empurrada,
xingada, chutada pelos cantos.
A vida anda um pouco asmática, não puxa o ar direito
a vida anda meio manca, as juntas ardendo,
e o ciático atacando.
A vida anda gritando, resmungando,
anda falando que cansou de andar.
A vida anda e já faz tempo que não vê uma poça,
um cachorrinho, uma moeda.
A vida anda e quase já não lembra como dar uma estrela.
A vida anda e já não gira:
culpa da labirintite.
A vida não anda fácil, quase já não pula,
parece que os sapatos passaram a grudar no chão
(A vida anda e mal se lembra de quando começou a calçar sapatos).
A vida anda e já não atrapalha ninguém,
a vida anda e passou a empurrar os que ficam pelo caminho
(a esquerda é pra andar, porra!)
A vida anda mas agora anda pra chegar
não anda por andar
anda pra chegar e não chega
A vida não anda fácil
e anda, anda, anda
Mario Neto, ex-aluno 2015