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21/03/2018

Editorial de jornal de bairro – Ana Sophia Gil Zanetti

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Editorial de jornal de bairro – Ana Sophia Gil Zanetti

Publicado em 21/03/2018 16:12

Abaixo, vocês poderão ler um ótimo editorial, escrito pela colega Ana Sophia Gil Zanetti, da turma 3A. A Ana Sophia assumiu a personagem de uma editora de jornal de bairro – no caso, os Jardins, em São Paulo – e escreveu um editorial, no qual se apontam os problemas que envolvem a vida de um morador de rua. Percebam que o texto produzido pela Ana tem características bastante semelhantes daquelas da dissertação-argumentativa, solicitada pela maior parte dos vestibulares: é opinativo, com linguagem impessoal e formal. Também é válido perceber a profundidade da reflexão sugerida pelo texto da colega.

Tão próximos e tão distantes

          Falas como: “não, hoje não”, “esse vagabundo deveria ir trabalhar”, “ele vai usar o dinheiro da esmola para comprar drogas” somadas a expressões faciais repletas de medo e asco e ao aumento da velocidade da caminhada formam um ritual que se repete todas as vezes em que um residente dos Jardins passa por um mendigo, o qual, querendo ou não, também faz parte do grupo de moradores do nosso bairro, um dos mais chiques de São Paulo. O número de moradores de rua na região aumentou e o debate a respeito do tema deve ser promovido.

          Tão próximos de nós, mas com realidades tão distantes, a vida dos moradores de rua não é fácil. Muito mais árduo do que enfrentar o frio e a chuva é conviver diariamente com o preconceito, com o nojo e com a desconfiança. É saber que não se faz mais parte da sociedade, mesmo que a lei garanta os seus direitos como cidadão. Difícil mesmo é sair dessa situação na qual há muitas mãos apontados e poucas mãos estendidas.

          Dentro de seus mundos de glamour, a maioria dos habitantes dos Jardins não enxerga a complexidade da questão do aumento do número de moradores de rua, que ocorre não apenas em nosso bairro como também em escala mundial. Graças a uma crise econômica generalizada e à automação da mão de obra, não há emprego para todos e as únicas casas cujo aluguel se tornou acessível a uma parte significativa da população foram as ruas, as calçadas, as pontes, as esquinas e os toldos dos bares. Além disso, grande parte da população de rua sofre com vícios, rupturas familiares ou problemas psicológicos graves. Logo, não é questão de falta de vontade, mas sim falta de oportunidades.

          Nós, cidadãos paulistanos e habitantes dos Jardins, devemos sair de nossa zona de conforto e cobrar de nossos representantes ações efetivas que garantam mudanças na vida dos moradores de rua. Afinal, todos somos iguais perante a lei, segundo a Constituição brasileira.

Ana Sophia Gil Zanetti

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