As primeiras versões dos manifestos criados pelos segundos anos já chegaram! Veja como se posicionam as alunas Clara Barelli, Giovanna Sá, Julia Rossi e Nathalia Dunker, da 2D, que escolheram um tema muito importante e que merece um maior destaque hoje em dia.
Manifesto contra a Pecuária Comercial
“Um dos maiores problemas ambientais enfrentados atualmente é o aquecimento global. O derretimento das geleiras, a diminuição da água potável disponível para o consumo, o congelamento do solo e a mudança de ecossistemas inteiros são algumas das diversas consequências desse processo que está aumentando gradualmente. Diversas práticas da sociedade contemporânea agravam os efeitos do aquecimento global, sendo o mais conhecido e divulgado pela mídia a queima de combustíveis fósseis, tanto pelo sistema industrial, quanto pelos automóveis. O setor automobilístico recebe muita atenção pela grande quantidade de gás carbônico gerado anualmente, mas o que a população não sabe é que o sistema agropecuário produz 65% mais óxido de carbono, que tem o potencial de aquecimento climático aproximadamente 300 vezes maior que o gás anteriormente citado, ou seja, a criação de gado gera mais gases que agravam a situação do que todo o sistema de transporte mundial.
Esse é apenas uma das inúmeras consequências maléficas que a superprodução de carne acarreta para o planeta. De acordo com o documentário “Cowspiracy”, dirigido por Kip Andersen e Keengan Kuhn em 2014, enquanto a geração de energia hidráulica utiliza uma enorme quantidade de água (378 bilhões de litros apenas nos Estados Unidos), a produção de carne proveniente dos latifundiários utiliza 125 trilhões de barris, e a quantidade de água utilizada para esse fim é 11 vezes maior do que a usufruída diariamente em todas as residências. Além disso, 91% da Amazônia brasileira já foi desmatada para dar espaço à pecuária e 80% da floresta tropical nacional já foi destruída com o mesmo fim.
O porquê de um dos maiores problemas ambientais não ser divulgado nos principais veículos de comunicação é o fato de ameaçarem os lucros empresariais nesse ramo e a economia nacional, fazendo com que o governo e a iniciativa privada tomem medidas para abafá-lo. Casos de corrupção de grande magnitude, como o caso recente da JBS (maior produtora frigorífica brasileira) demonstram o quão deplorável essa parte da indústria é: no começo de 2017, em Campo Grande, a empresa deixou vazar amônia de seu frigorífico, prejudicando a fauna e a flora local. Para agravar ainda mais a situação, é nítida a ineficiência das campanhas de conscientização feitas pelas ONGs: o que na teoria poderia ser uma das mais eficientes formas de combate a não regulamentação ambiental que as empresas desfrutam, o trabalho das ONGs, que se dedicam à defesa do meio ambiente, acaba na prática não engloblando um dos maiores fatores que deveria gerar preocupação entre os indivíduos, a pecuária, o que enaltece a necessidade de nos preocuparmos com as práticas cotidianas.
A criação de gado não só é o maior responsável pelo desmatamento das florestas, pela utilização exagerada de água e pelo aquecimento global, como também é responsável pelo aumento de condições cardiovasculares na população nos últimos anos. De acordo com pesquisas recentes da Universidade de Harvard, comer porções de carne vermelha todos os dias amplia em 19,5% o risco de morte devido a problemas cardíacos e aumenta em 13% as chances do consumidor desenvolver algum tipo de câncer. Os nutrientes da carne e do leite podem ser substituídos na alimentação cotidiana por produtos feitos à base de vegetais, como por exemplo a soja, e o couro pode ser sintetizado quimicamente.
Cabe tanto a mim, quanto a você, parar de contribuir para que ocorra uma catástrofe ambiental, já que a Terra está caminhando a passos largos para a sua provável destruição. Esperamos que este manifesto ajude a prevenir este destino, conscientizando o público sobre o maior poluidor do nosso planeta, a pecuária comercial em larga escala. Se nos unirmos sob esta mesma bandeira, que ignora fronteiras políticas e diferenças sócio-culturais em prol do que é universalmente importante para todos, poderemos melhorar não só o meio ambiente, mas também a nossa saúde.”