Uma década após os conturbados eventos de 1905, pouca coisa havia mudado na Rússia. Nicolau II conseguiu segurar as pontas, mas a fome e as péssimas condições de trabalho insuflaram o povo contra ele. A sucessão de conflitos em que o país se envolveu só piorou a situação. Greves e protestos explodiram por toda parte – e foram duramente reprimidos. Mas, em 1917, novos fatorem formaram uma combinação fatal. A 1ª Guerra estava arrasando o país, um inverno rigoroso aumentou a fome e o desemprego, e os militares cansaram.
Obrigado a abrir fogo contra quem protestasse, até os soldados em Petrogrado se rebelaram. Muitos se juntaram aos manifestantes. Acuado, o czar foi incapaz de reagir. Abdicou em 1ª de março, decisão seguida por seu irmão e sucessor, Miguel. O governo provisório também não de conta. As massas estavam em chamas. Na opinião de Lenin, as manifestações ganhariam intensidade e se transformariam em uma grande revolta. O poder cairia nas mãos dos sovietes e, logo depois, do seu partido. O líder bolchevique estava certo.
Fonte: PANDOLFI, Robson. 100 anos de Revolução Russa. Dossiê Super Interessante, São Paulo, p. 06-65, set. 2017