É com imenso prazer que, após tantos e maravilhosos textos enviados, conseguimos, tarefa ingrata!, escolher os três vencedores do Concurso Fernando Pessoa, edição de 2017. Parabéns aos vencedores e a todos os participantes (que também serão publicados em breve). Aproveitem a deliciosa leitura.
Equipe Palavrarte e Equipe de Português
Multilateralismo contemporâneo
Ó telas de LED azul, ó teclas misteriosas, tec-tec-tec eterno!
Admiração incontrolável às redes invisíveis!
Redes que tanto tentam tecer um triste apego.
Eh-lá-hô aplicativos sugadores de tempo!
Eh-lá-hô capital em movimento!
Eh-lá-hô renovações transparentes!
Máquinas que se encontram nas ruas e nas casas e nas escolas,
Dominando, possuindo, divertindo, iluminando, entretendo,
Fazendo-me um escravo de ninguém.
Por todo lugar e espaço sempre ela está,
Mais possessiva do que uma mulher bela que não se trai,
Que se afastando têm-se uma ânsia eterna!
Vem sentar-se comigo, maçã sem sabores, à beira da torre de Wi-Fi.
Sossegadamente observemos sua grandiosidade e aprendamos
Que o indivíduo nada passa de um elétron entre fios condutores,
Insignificante seguindo o plano do Fado.
Conversemos sem demasiadas emoções e sentimentalismos.
Sem aplicativos, nem jogos, nem ligações que levantam a voz,
Nem contatos, porque se os tivesse a bateria sempre se desgastaria,
E sempre iria ter à escuridão.
Teclar é a eterna racionalidade…
Uma vida plena é vivida na inocência,
E a única inocência é não teclar…
O maníaco é um poeta
Poeta sem certa cara
Que não tem meta concreta
Nem possui mente clara.
Felipe Akio Nakamura, 3E1