Para mim, não existe expressão mais certeira do que aquela que diz “mãe de primeira viagem”. Mas engana-se quem imagina aquela viagem com roteiros predefinidos em que sabemos exatamente o que nos ocorrerá em cada momento da trajetória e que culmina no estado mais profundo de êxtase.
A felicidade materna é uma conquista num percurso de viagem, que às vezes nem passou pela cabeça do viajante fazer. Nos deparamos com um lugar desconhecido em que se fala outra língua. Para alguns, a adaptação é fácil, para outros, é mais difícil. Depende do quão desconhecida e diferente é essa realidade nova e do quanto estamos dispostos a mudar.
Mas é certo que todos nos transformamos nessa viagem. Ela muda, para sempre, nossa visão sobre o que é descanso, sono, lazer, até mesmo banho e alimentação, mas principalmente sobre o que é ser feliz. De repente, um simples passo daquela criaturinha ou uma palavra banal pronunciada de forma inesperada geram tanto ou mais euforia do que a mais deslumbrante das paisagens.
Nessa jornada, como um viajante perdido na selva, procuramos nossa bússola, mas ela não existe no mundo concreto. O caminho é guiado pelo coração, que, por melhores que sejam as intenções, nem sempre acerta. Buscamos respostas no passado, “será que eu também era um bebê que acordava muito à noite?”, e, com elas, refazemos nossa identidade. E ao ver aquele serzinho nos imitando, refletimos sobre quem somos e quem queremos ser dali em diante.
A maternidade é uma das viagens mais transformadoras que existe! E não importa quantos filhos se têm, é sempre uma experiência excepcional. Aproveito, então, para desejar a todas as mães de primeira, segunda, terceira ou mais viagens uma linda trajetória!
Grasiela, professora de Português