Quem você acha que é
pra dizer
quem eu devo ou não amar?
Quem você acha que é
pra achar
Que deve me dizer
Como eu devo ou não sonhar?
O que eu devo cantar
e trajar?
Como devo
escrever,
sentar,
pensar?
O que te aconteceu
pra achar
Que você sou eu?
O que deu
na sua cabeça,
Pra achar que você pode
(ou deve)
Contar a minha história?
Por mim.
Já que a sua não teve glória,
Sua vaga memória
te assombra até ao fim.
Pedaços de vida que você achou
espalhados no chão,
Porque você esqueceu de segurá-los.
Agora você aponta
Para as minhas mãos e meus calos
E diz que as minhas marcas são profanas.
E me condena.
Me envenena.
Com seu veneno fraco,
seu placebo opaco
Na esperança de que eu me contamine
Na loucura da sua sobriedade fajuta,
Que nunca viu nada além da fruta.
A fruta é seu maior pecado,
E enches o peito pra dizer
(em seu manifesto)
Que, até na hora de pecar,
pecas que nem o resto.
Esse sempre foi o seu pecado:
Viver às custas de um livro sagrado.
Achar que os seus erros serão perdoados
em versículos.
E que sua vida está definida
em parágrafos já escritos.
Pois saiba de uma coisa
Eu já comi a fruta 7 vezes (só hoje)
Uma para cada pecado capital.
Só para lembrar da minha repulsa
ao seu conceito de moral.
Porque é o meu vício: te contrariar.
E poder esfregar na sua pele,
ressecada de bênçãos e ilusões,
Em alto-relevo
O prazer de saber que, os parágrafos da minha vida,
Sou eu quem escrevo.
Assinado: Eu mesmo (e mais ninguém).
Victor Zequi, ex-aluno (2015)