Na onda do sonhar é preciso, aqui é a terra das oportunidades e do não deixe ninguém te dizer que você não é capaz, eu lhes apresento conversa de bar.
Como eu disse em “vamos nos permitir”, toda quinta eu vou ao mesmo pub, onde um toca um cantor que eu adoro. Com o tempo, fui ficando amiga dele e, na última quinta, passamos uma hora conversando depois que o show terminou. A história dele é simplesmente incrível e digna de um post.
Filho de pai que passou quase toda a vida na cadeia, foi o primeiro dos 9 filhos a fazer colegial. Quando perguntei dos irmãos, ele me disse que todos já foram, pelo menos uma vez, presos – inclusive ele. Apesar de qualquer dificuldade e de assumir não ser nenhum santo, afirma que sempre gostou muito de estudar.
Quando tinha 10 anos, seu tio perguntou o que ele gostaria de ganhar de natal, ao que ele respondeu “um kit de química”. Seu tio, surpreso, disse “where the hell do you expect me to steal a chemistry kit?”. Como ele é muito piadista, todo mundo achou que fosse brincadeira, mas ele garantiu que não era não. Seu tio completou “I know where to steal a guitar, so that´s what you are getting for Chritsmas”.
E foi assim que ele começou a tocar, sem nenhum músico na família, sem nunca ter imaginado isso para ele antes. Logo viu que levava jeito e começou a se dedicar a isso. Quando tinha a minha idade, já tocava em bares e tinhas alguns shows para dar. Resolveu, então, que seria isso que ele faria da vida. Imediatamente ouviu que seria impossível ganhar a vida sendo cantor de bar.
O tempo passou, mas seu gosto pelos estudos, não. Quando completou 60 anos, decidiu que gostaria de entrar na faculdade. Mais uma vez, foi desencorajado a tentar e ouviu que já era tarde demais.

nós com as nossas carteirinhas de Harvard – ou como ele costuma brincar “just us Harvard kids hanging out together”
Hoje, com 61 anos, está cursando Harvard college com major em biology e minor em math; está casado, com casa própria e carrão e afirma jamais ter feito qualquer outra coisa para ganhar a vida além de cantar e tocar.
Por isso que eu digo, “vamos nos permitir”. Se eu não tivesse me permitido frequentar o bar na quinta feira, não teria ouvido essa história tão inspiradora. E, não preciso nem dizer né, não deixem que ninguém fale do que vocês são ou não capazes.