Quais são as fronteiras do pensamento? Como definir o pensamento próprio, a autoria, a influência?
O papel das ideologias e discursos no pensamento de cada indivíduo serviu de reflexão – e inspiração – para a palavrartista Roberta Berardo. Tudo surgiu a partir de uma discussão sobre as fronteiras do pensamento, iniciada, em grupo, em uma aula de redação de classe. Cada grupo deveria selecionar ideias, argumentos, exemplos que fundamentassem sua opinião a respeito de alguma das fronteiras (psicológicas, do pensamento, da ciência, da linguagem, etc) apresentadas pela proposta de redação da Fuvest. Em seguida, deveriam definir o modo como gostariam de apresentar à classe as ideias levantadas.
O propósito do trabalho era estimular os alunos a buscarem mais e melhores ideias para fundamentar sua discussão no texto, antes de escrevê-lo. O resultado foi muito satisfatório, mas também, como mostra o poema da Roberta, belo, surpreendente.
Assim, devidamente contextualizado – como se precisasse! – segue “Autoria”, de Roberta Berardo.
Professora Melissa de Matos França Norcia
Sou um ser de opinião,
de crenças, ideologias.
Todas discutidas, defendidas.
Sou eu quem as determina?
Apresento argumentos.
Tese, antítese, síntese.
Falo com autonomia.
Porém, a dúvida fica:
Quando penso, penso?
Reproduzo?
A boca é minha
Mas e o discurso?
Não sei o que é de minha autoria.
Nem sei qual o meu intuito.
Só sei que na verdade,
sou um falante-mudo.
Roberta Berardo, 3E1