Por: Lucas Nakamura
Nesse domingo (23), aconteceu o torneio de xadrez do InterBand 2015. Com bastante competição e disputas intensas, o campeonato apresentou características singulares, como por exemplo a divisão entre os competidores por sexo (feminino e masculino), algo não muito comum em torneios de xadrez. Para contar mais sobre a experiência do torneio e sobre o esporte em si, entrevistamos as alunas Isabela Portinari e Mariana Souto Maior, do terceiro ano do ensino médio do Band, que participaram do campeonato e terminaram em terceiro lugar da categoria Infanto Juvenil Feminino.
Comecemos pelo básico: quantos anos vocês têm, há quanto tempo jogam xadrez e quando se juntaram à equipe de xadrez do Colégio Bandeirantes?
Isabela: Tenho 17 anos agora, jogo xadrez desde os 6 anos, quando comecei a praticar na minha antiga escola. Lá, aconteciam muitas competições e o esporte era muito valorizado. No Band, entrei no primeiro ano basicamente porque eu tinha uma janela de tempo e descobri que a aula era nesse horário.
Mariana: Tenho 17 anos, aprendi a jogar xadrez quando tinha 6 anos e assim que entrei no Band, em 2009, já comecei as aulas de xadrez, porque no outro colégio em que estudava também tinha esse hábito.
O xadrez é um esporte que sofre preconceito no ramo esportivo. Alguns nem o consideram um esporte. Por que vocês acham que isso acontece?
Isabela: O xadrez é um jogo que envolve muito raciocínio e pensamento lógico. Muitas pessoas pensam que é isso que o diferencia de outros esportes, Mas, na verdade, é justamente o que o aproxima. Quando você coloca as peças em jogo e elabora qual a melhor relação entre elas para vencer o seu oponente esta fazendo algo que, por exemplo, também é necessário no futebol.
Mariana: Muita gente acha que esporte é aquilo que exercita apenas o corpo, mas isso não é verdade. Exercitar a mente é tão importante quanto e o xadrez proporciona isso, portanto é um esporte sim. Também acho que há muito preconceito porque o xadrez é um esporte que não necessita separar os competidores por idade/sexo, causando algumas polêmicas relacionadas ao machismo e ao preconceito com a idade dos jogadores.
Vocês acreditam que aprender/praticar xadrez é algo importante e/ou benéfico para jovens do ensino fundamental e médio? Por quê?
Isabela: Acredito que realmente foi muito benéfico pra mim. Em primeiro lugar, pelo fato de ter desenvolvido meu raciocínio, algo que dá para observar os frutos quando tento resolver problemas de Olimpíadas de Matemática, por exemplo. Outra coisa que talvez tenha sido até mais importante foi a habilidade de focar – imagina como é difícil para uma criança de 6 anos sentar para jogar uma partida de xadrez durante meia hora?
Mariana: Apesar de não focar no trabalho em equipe, como outros esportes fazem, o xadrez ajuda a melhorar a concentração, a paciência e a visão de mundo dos jogadores. No jogo de xadrez, você tem que pensar em todas as possibilidades, analisar calmamente cada uma delas e só então tomar uma decisão sobre a sua jogada. Mesmo inconscientemente, todos os enxadristas acabam pondo isso em prática no dia a dia também. Manter a calma e o foco também são coisas que se aprendem muito com esse jogo e isso claramente traz diversos benefícios a vida cotidiana, como quando fazemos uma prova ou lemos um livro.
De uma forma geral, qual a opinião que vocês, como participantes e medalhistas, tiveram deste torneio no InterBand?
Isabela: Acho que uma coisa interessante desse torneio foi que já que foi separado em feminino e masculino. O feminino ficou com relativamente pouca gente, o que acabou misturando idades bem diferentes, mas isso não significou que foi fácil, já que as meninas mais novas acabaram em posições melhores que as nossas.
Mariana: Na minha experiência pessoal, foi um torneio surpreendente e ao mesmo tempo previsível. Por causa de diversos fatores (principalmente a falta de tempo), tive que parar de treinar e participar de campeonatos em 2011, portanto não estava totalmente preparada para enfrentar os adversários. Por um lado, o torneiro me surpreendeu pois percebi estar mais “fora de forma” do que pensava, porém, por outro, no fundo, eu sabia que não me sairia tão bem como antigamente. Assim como em qualquer outro esporte, o xadrez requer treinamento frequente.
Na opinião de vocês, como foi o desempenho do Band neste InterBand de xadrez?
Isabela: Acho que não sei responder direito essa daí (risos), não vi qual foi o resultado no masculino direito!
Mariana: A campeã infanto-juvenil do campeonato era do Band. Ela frequenta as aulas do professor Alvaro (treinador da equipe do Colégio Bandeirantes) e joga muito bem. Com certeza mereceu seu prêmio. Infelizmente, não pude ficar para ver o resultado masculino, mas sei que o Michel joga muito bem também.
Vocês duas estão no terceiro ano. Como é participar de um InterBand pela última vez? Vocês acham que a despedida de vocês do evento foi satisfatória?
Isabela: É sempre meio triste! Gostaria de poder ter participado de mais competições, o evento sempre me deu uma sensação boa, especialmente por jogar em casa. Os professores estão lá, os meus amigos, é uma emoção muito gostosa.
Mariana: É muito difícil passar pelo InterBand pela última vez. Para mim, também foi a última vez do InterBand de basquete, que também pratico desde 2009. Representar o colégio sempre foi uma grande honra pra mim por tudo o que ele me proporcionou e essa despedida do InterBand com certeza foi satisfatória, pois muitos abandonam os times e os treinos no último ano por causa do vestibular. Todos os atletas que continuaram até o fim merecem parabéns e sua despedida foi mais que satisfatória.
Por fim, agora que vocês estão saindo do ensino médio, pretendem continuar jogando xadrez?
Isabela: Jogando como amadora, com certeza! Agora, na faculdade, ainda não tenho certeza! Talvez (risos).
Mariana: Se tudo der certo, ano que vem estarei na faculdade e lá pretendo retomar os treinos de xadrez. Quando tive que parar de treinar com frequência, fiquei muito abalada porque desde muito nova (2004) o xadrez fazia parte da minha vida. Mesmo jogando as vezes na internet ou com algum amigo, o treino faz muita diferença. O xadrez abriu muitas portas para mim principalmente na infância, dos 6 aos 11 anos, me levando para diversas cidades para participar de campeonatos, me estimulando a conhecer novas pessoas e a ultrapassar meus limites. Será muito bom poder viver isso novamente.
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