Eu corro
Corro de tudo que deixei pra tras
De tudo que tento esquecer
De todos os fantasmas que me perseguem
Eu corro dos piores dias que eu ja vivi
De uma doença que eu não me curei
De tudo que eu me engano que esqueci
De tudo que finjo que não mais viverei
Eu corro da morbidez, da sensação de morte
Da rotina, do ponto comum, do que todos vivem
Eu espero, na verdade, ter sorte
Espero que meu tiro no escuro atinja seu alvo
Eu corro até dos dias felizes
Das melhores memórias que já tive
Não quero fantasmas me perseguindo
De dias que nunca voltarão
Eu corro de tudo e de todos
Eu corro por medo, eu corro por raiva
Eu sinto dor, eu sinto angustia, eu sinto tudo
Eu sinto a dor do mundo
Eu corro da própria sensação de correr
Desse mal estar que sempre me domina
Me amarra me prende me agarra me distende
Me deixa impotente
Eu corro da falta de ar da corrida
Respiro
Eu clamo por oxigênio
Respiro
Eu descanso
Respiro
Paro
Respiro
E corro de novo.
Volto a correr nessa corrida que nunca termina
Sempre em movimento, sempre seguindo a vida
Como se correr fosse a minha segurança
Afinal, a rolling stone gathers no moss
Eu só queria parar de correr.
Caio de Sandre, 3H2