Leitor!, antes de começar
Façamos um pequeno adendo
Este não é um poema vulgar
Que qualquer um pode sair lendo
Desmedidos esforços empreguei
Na composição destes versos
E risco nenhum correrei
De ter meus leitores dispersos
É necessário leitor exemplar
Para ler obra tão original
Que saiba pelo menos Descartes
Conheça Bacon e Pascal
Ler Pessoa e Machado,
Camões e Vaz de Caminha
Se achas isso um enfado
Não é digno de sequer uma linha!
Minhas sinceras congratulações
Àqueles que ainda me acompanham
São a esperança de suas gerações
Pois em profunda cultura se banham
Outra coisa agora não desejo
A não ser meu poema começar.
Mas que é isso que vejo?
As linhas estão a acabar!
Tua culpa leitor ingrato!
Tua não, mas minha apenas
Procurando o leitor exato
Gastei minha tinta e minhas penas
O que estava eu a pensar?
Quando fui o leitor escolher?
O poema sozinho devia bastar
Para clamar o leitor a o ler
Ah, leitor bondoso, perdoe a mim
Escolhi-te a dedo, com cuidado
Não queria acabar assim
Com um poema inacabado
Gust Sil, 3E1