Temos medo da morte. Todos? Todos. Mesmo aqueles que mais a almejam. A morte é o símbolo máximo do desconhecido. Tanto o seu durante, quanto o seu depois. Além disso o óbito pode vir de diferentes maneiras, as quais apenas vamos descobrir no ilustre dia de nosso fim. Sobretudo, a morte é inevitável. Não adianta correr dela. Daqui a alguns metros vamos cair e nossa vida será ceifada. Tudo que podemos fazer é implorar para que sintamos pouca ou nenhuma dor. E o depois? Bom, ninguém sabe, nenhum ser humano voltou do além para contar. Talvez tenhamos medo de ficar presos a um eterno nada ou de ir para algum lugar pior que as nossas miseráveis existências.
Temos tanto medo que criamos a ideia de paraíso, purgatório e inferno. Tudo isso baseado nas ações de quem ainda vive. O que vem depois da morte é determinado pelo que a antecede.
O ser humano precisa ter certeza de tudo. De como estará o tempo amanhã, de quanto o dólar vai subir, de quão seguro é realizar tal ação, ou até a certeza de seguir em frente com um relacionamento. O ser humano odeia a incerteza. A palavra “pode”. “Pode dar certo”. Não. Tem que dar certo. Mas em relação a morte, não temos certeza de nada. Ela pode acontecer daqui a 1 minuto, 1 ano ou 10. Não importa. E após ela pode haver um poço eterno de solidão, um jardim do Éden ou O Inferno de Dante.
Mas talvez o mais engraçado em relação a morte seja que só nos preocupamos com ela quando está perto. Talvez esses momentos tão próximos do óbito sejam os mais medonhos de nossas infelizes existências. “Devia ter dito isso”, “devia ter viajado para o Tibet”, “devia ter amado mais”, “devia ter saltado de paraquedas”. “Devia”, talvez ainda haja tempo. Ou talvez não. Nesse segundo caso, morremos sem ter feito o que prometemos ser quando eramos crianças. Prometemos ser felizes. De algum jeito ou de outro. Não necessariamente com essas palavras. Mas de algum jeito prometemos. E morremos sem cumprir a nossa promessa.
Vitória Flosi, 3B2