Faz frio na solidão e eu te peço abrigo; pergunto-me como vim parar aqui. Por quê? Faz frio, disseram, e bastou que eu ficasse sozinho para que o soubesse e passasse a amar o sol – o sol anula a solidão. Seu efeito é terapêutico e temporário; quisera eu fosse profilático e definitivo. Na sombra faz frio. Na sombra, estou sozinho se novo. As lágrimas congelam-se antes de encontrar o chão. Fragmentos; congelam-se as emoções. No início era o desespero, agora é o inverno – não sinto mais nada. Faz frio e te peço abrigo; peço-o pela lembrança do teu calor. O beijo úmido era o abrigo mais seco; as mãos frias eram manto de paz – aqueciam. Choro porque o sol se pôs e faz tempo; choro porque não me avisou que aquele seria o último crepúsculo e porque tenho saudades. Grito porque não me despedi do sol. Quando ele se foi, minha alma ocupava-se tentando despedir-se da tua. Mas ainda penso em ti e te respiro, e tu te distancias. Não durmo porque espero a primeira nova manhã, mas a solidão me consome os sentidos e já não sou mais.
José Henrique Ballini Luiz, 3H1