Eu nunca sei como começar um texto. Nunca. Então, para começar esse, resolvi remexer algumas memórias minhas.
Eu me lembro claramente do meu primeiro dia de aula. Acho que eu nunca me senti tão sozinho na vida. Mesmo quem eu ja conhecia me parecia estranho, me parecia alguem novo. As conversas não fluiam, os lugares por onde andava eram estranhos, opressores. Tudo era diferente.
Até que eu vi vocês. Um bando de gente esquisita, com umas roupas estranhas, cantando e gritando no meio do pátio. Um garoto usando um “colar” com um cadeado preso, uma garota de cabelos encaracolados com uma cara meio triste, uma moça com cabelo loiro bem claro e olhos verdes, um japonês gordo com casaco de exército, um cara alto e meio cabeludo, com uma cabeça grande, batendo neles e rindo. Não era algo que se via todo dia. Naquele momento, pensei “eu quero ser amigo deles”. O que eu não esperava é que um dia, eu me tornaria amigo deles. O que eu não esperava era que virar amigo deles ia me trazer mais amizades com gente além deles. O que eu não esperava era ficar tão proximo deles.
O que eu não esperava era que, um dia, eu escreveria um texto de despedida pra eles.
Uma despedida que eu realmente espero que seja mais um “tchau” do que um “adeus”, mais um “até semana que vem” do que um “até algum dia”. Uma vírgula, ao invés de um ponto final. E, se for um ponto final, que existam outros capítulos depois desse.
Não escrevo esse texto só para os (ex-)bichos, mas sim para todos os meus amigos do terceiro, que vão embora esse ano.
Que a sua partida não seja sem volta.
Que vocês não se esqueçam do passado.
Que vocês olhem para o passado, por tudo que passaram, e tenham forças pra continuar em frente.
Que vocês sejam felizes de verdade.
E que vocês sempre se lembrem que quem faz o futuro são vocês. Vocês terão o futuro que quiserem e lutarem por. Vocês tem essa chance, corram atrás!
Um dia, tudo isso será história. Eu, vocês, o Band, tudo. Nossos átomos formarão outras coisas no universo. Nossa energia química se dissipará. E tudo que vocês viveram virará nada além de história.
Então tratem de viver direito.
Sejam felizes como vocês nunca foram antes.
Façam coisas que nunca acreditariam que faríam.
Se desafiem a cada dia.
E vivam, não meramente existam.
Mesmo vocês ainda não tendo ido, eu ja sinto saudades do que a gente viveu.
Por quê?
Porque a saudade é o preço que pagamos por memórias inesquecíveis.
Caio de Sandre (2H2)