Ao entrar no quarto tenebroso, senti minhas entranhas contorcendo-se de medo. Eu podia ver muito pouco devido à escuridão. As cortinas vermelhas cobriam as janelas, como se a luz não fosse bem-vinda. O enorme lustre de cristal parecia não ser usado há séculos. As colchas da cama cheiravam a mofo. No centro da parede, havia uma enorme porta, pela qual entrei. O vento estridente batia nas janelas. O cansaço tomou conta de mim. Caí na grande cama oferecida por Drácula e revirei-me durante horas até que consegui adormecer, porém meu sono foi agitado. Quando acordei, suando frio, inacreditavelmente, já era noite. De súbito, ouvi um grito vindo do andar inferior. Hesitante, caminhei até a porta e a abri. À medida que descia as escadas, percebi que o grito não era um grito, mas sim uma risada. A voz pesada e rouca ecoou pelo corredor. Diminuí a velocidade. Abri a porta do final do corredor. Minhas mãos tremiam. Drácula ria à luz dos raios. Não era possível vê-lo nitidamente, porém parecia que o homem estava voltado em direção à janela, rindo de uma estaca de madeira. Contorcia-se. Na sala grande e sombria, a única iluminação era a dos raios. Um vento frio soprava. O cheiro de sangue invadiu minhas narinas. Outro raio. Em um camto, vislumbrei um corpo… um corpo humano. A mulher segurava outra estaca de madeira e várias cabeças de alho. O sangue escorria de dois rasgos no seu pescoço. Com um arquejo, descobri a verdade. Tudo fez sentido. Escuridão. Estacas de madeira. Unhas longas e afiadas. O Conde Drácula era um vampiro. Antes que eu pudesse me virar para correr, ele virou-se em minha direção e disse, com uma voz retumbante, “Que noite boa! Dois humanos de uma só vez!” Um vento frio roçou em minha pele. Um dente enorme manchado de sangue. E tudo se apagou.

Beatriz Falcone (8F)