Dou dois passos para frente, meus pés descalços tocam firmemente o chão frio pelo qual caminho. Sinto os pelos de minha nuca eriçarem ao olhar atentamente para a grande porta de metal diante de mim, porta essa que se abre para o complexo desconhecido que anseio tanto ver. Paro e penso se isso realmente vale a pena, o que esta do outro lado pode me derrubar, me destruir tão rapidamente quanto uma bala em meu peito.
> Dou um passo para traz pensando em sair daqui o mais rápido possível, meu coração acelera e involuntariamente dou mais dois passos para traz. Sinto a gravidade me puxando para o chão, no meu rosto as lágrimas do medo que me seguiu até aqui.
> Não. Não posso desistir assim tão fácil. Me levanto, enxugo as lágrimas e caminho com passos firmes no chão. Dez passos. Me encontro agora a dois metros da porta, nunca estive tão perto dela antes. Agora é possível ver os detalhes da maçaneta que me permitirá passar para o desconhecido.
> Fico assim por minutos até reunir força suficiente para caminhar e abrir a porta. Coloco a minha mão na macaneta e agarro-a como se a minha vida dependesse disso. Viro a mão, um alarme estridente me surpreende.
> Ajoelho no chão e pressiono minhas mãos contra os ouvidos esperando que assim o barulho diminuísse, mas a tentativa foi em vão. Berrei estridentemente por conta de frustração. Ouço passos vindo em minha direção. Levanto e forço a porta com todo o meu peso mas ela não cede. Os passos, agora próximos, estão mais altos e apertados como se seus donos estivessem correndo.
> Me desespero completamente e começo a esmurrar e chutar a porta. Os passos estão extremamente perto e começo imaginar quem esta por trás desse som que me está me agonizando. Olho para o fim do corredor esperando por meu destino. Sei que as pessoas estão me procurando e sei que elas se encontram a poucos passos do fim do corredor que leva ao meu.
> Espero. Vejo o primeiro virar o corredor, atrás dele mais dez correndo em direção. Tento analisar seus rostos, mas é difícil com eles correndo. Me concentro mais e percebo que nenhum deles possui feições e que todos estão usando o mesmo tipo de roupa preta que cobre do pescoço ate os pés. Eles estão chegando ao fim do corredor, o mais à frente estica os braços e me agarra. Fecho os olhos, sinto o chão se dissolver logo depois as mãos do meu perseguidor me solta e me sinto deitada.
> Abro os olhos e vejo o teto familiar do meu quarto, uma sensação de alívio toma conta de meu corpo. Foi um sonho, um pesadelo. Foi só um sonho. Um sonho.
> Repito isso para mim e o sono toma conta novamente de meu corpo, de minha
> consciência, de minha sanidade.
Carolina de Oliveira (pseudônimo – 8G)