Os corpos cheios de percepções vazias não percebem mais as sombras ao seu redor. Suas mentes impuras corrompem a visão de seus olhos inocentes. Aqueles que o amavam já não o amam mais. Enquanto aqueles que não o conhecem já não notam sua presença. Passa um de um lado; outro do outro. Alguns ainda trocam olhares ou percebem os movimentos alheios. Já outros ainda dormem acordados sonhando com suas preocupações mais obscuras. O medo de ser julgado domina a curiosidade sobre a aparência do outro. Em época de trocarem elogios ou piscadelas, apenas observam seus pés doloridos. Já não se colocam em lugares aos quais não pertencem, só sofrem ou dramatizam suas próprias dores. E o outro passa imperceptível a seus olhos. Insensível a seu tato – o calor já não é mais sentido. Só lhe resta a audição. Esta vibra com os murmurinhos que se ouve ao redor. Mas isso dura pouco até que… “Próxima estação: Paraíso, acesso à linha 2 verde”.
Gabriel Marques (3H1)