Querida Helena,
Sinceramente, eu não sei como começar essa carta. Passei horas pensando no que escreveria nela, mas não imaginei um início decente.
Bom. Lá vai.
Eu sinto saudades. De você aqui do meu lado, sabe.
Todo momento que eu não estava com você, sentia que não podia te deixar escapar… Acho que fui lento… Mas quando você estava perto de mim, discutindo sobre qual é o gosto de rosa, ou qual animal o Prof. Baqui seria (Iguana, com certeza), eu não sentia necessidade de nada. Nem de roer minhas unhas. Nem do meu fone de ouvido.
Sabe, eu não gosto da ideia de que um dia, quando eu estiver com uns 27 anos, eu vou olhar para uma foto minha desse ano, e simplesmente me achar um babaca, um idiota que tem um cabelo longo, uma capinha de celular com uma frase pseudo-intelectual e um projeto de montar uma banda que nunca vai se realizar. Mas eu tenho certeza que eu me respeitaria, se você estivesse comigo nessa foto. Nós dois. Um do lado do outro. Sem ter medo de se tocar. Você seria a prova de que eu não sou um inútil.
Dessa vez eu decidi não mandar um poema. Decidi ser mais direto, mais transparente. Estou cansado de falar bonito… Eu nem sou bom nisso. Era só um jeito de dar mais credibilidade ao que eu dizia. Espero que você esteja me entendendo.
Acho que o meu maior medo, é ter uma vida divertida e cheia de aventuras e mesmo assim, quando eu estiver muito velho, tomando 23 pílulas por dia, eu perceba que nada valeu a pena. A loucura, a bagunça. Nada.
Pra falar a verdade, eu nem sei porque te falei isso. Só, acho que você devia saber.
Tente me responder dessa vez.
Beijos e abraços, Hans.
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Hans, vc tem q parar de me mandar essas cartas. Já faz um ano… E a gente nem era tão próximo assim.
Isso tá assustador. Mesmo!
E que fixação idiota eh essa por cartas? Pq vc simplesmente n manda uma mensagem? Até um e-mail ia ser mais normal… Esquece.
Sério, Hans, vc tem q parar com isso.
Eu to ficando com alguém agora. Chega.
Tomás Fernandes da Silva (2H2)