Não sei escrever poesia.
Na verdade, invejo intensamente os poetas.
A poesia, para mim, é a arte mais bela que há. Penso que todo poeta é um felizardo, por conseguir traduzir-se por meio de um poema. Eu não consigo, e isso me frustra, pois adoro escrever, mas quando arrisco produzir uma poesia, esqueço que sei escrever. As palavras não saem, como um sentimento afogado num mar de palavras embaralhadas. “Escreva um poema”. Nó na garganta.
Escrever, para mim, é assim. Frase após frase, linearmente, abusando de conectivos e dependendo da coesão. “Primeiro aconteceu isso, depois aconteceu isso, mas antes tinha acontecido aquilo e depois acontecerá aquilo”.
Sem desmerecer a narrativa, a crônica, ou o que for, mas a poesia difere disso. É um brincar com palavras e sentimentos no ar, sem a dura pressão da linearidade por perto. A poesia não é a representação, ela é o sentimento, organizado em palavras, que cheiram, soam, nos tocam e mostram-se bonitas. Ler um poema é como aventurar-se no interior de uma emoção, inexplicável, mas possível de se admirar na beleza de um poema. É como música, sem ser cantada, ondas de simplicidade que nos invadem o corpo, e dominam a mente. O poeta expõe-se, e por sua arte nos descobrimos. Se existe magia, ela está na poesia.
E por isso eu invejo, e admiro, poetas. Pouco importa se são aclamados, ou pouco conhecidos. Se são capazes de, com simples palavras, fazer com que embarquemos numa viagem mágica pelo que for, é suficiente.
Parabéns aos poetas!
Rafaella Milani Santos (2H2)