Já paraste para olhar-te ao espelho? Criança barbuda. Olhos miúdos se escondem atrás de uma inquietação doce. Lábios cheios se alinham aos buracos da face. Magreza explícita. Boca angustiada, entreabre-se repleta de palavras rústicas, eruditas. És belo como tais palavras. Por onde elas passam antes de saírem de ti e se lançarem ao mundo? Violentas, chocam-se umas às outras, explodindo cores, cheiros e sensações. Atingem bochechas desavisadas; sempre impactantes e inquietas, como és. E és as palavras que saem de tua boca. Percorrem todo o teu corpo antes de entrarem no meu. Tu constrói-as esbeltas, cheias de si, memoráveis e exuberantes. Mas acho que não consegues enxergar isso no espelho. Tentas? Pois deverias. Quem sabe um dia te verás como te vejo. Lembras-te? Jovem poeta…
A um grande amigo, poeta, sonhador.
Giulia Secchieri Borducchi (ex-aluna – 2013)