O que é o Papiloma Vírus Humano (HPV)?
O HPV é um vírus que ataca homens e mulheres. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, dos quais cerca de 40 tipos afetam a área genital. Alguns causam verrugas não cancerígenas no colo do útero e nos genitais, de difícil tratamento e que recidivam com frequência (tipos 6 e 11) e outros, principalmente os tipos 16 e 18, causam câncer de colo de útero, vulva, vagina, pênis e anus.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é a terceira neoplasia maligna mais comum em mulheres, sendo superado apenas pelo câncer de pele (não melanoma) e pelo de mama. É a quarta causa de morte por câncer em mulheres (9). No Brasil, ainda são registrados mais de 19,2 mil casos da doença a cada ano (7).
A infecção pelo HPV é a doença de transmissão sexual mais comum atualmente, afetando 50% das pessoas sexualmente ativas, na maioria das vezes de forma assintomática. 6-7
O fator de risco mais importante para o desenvolvimento do câncer de colo de útero é a infecção pelos tipos oncogênicos do HPV (tipos 16 e 18). É importante saber, no entanto, que ter contato com o vírus não significa desenvolver alguma doença ou transmiti-la. Pessoas saudáveis, com sistema imunológico normal, costumam eliminar o HPV espontaneamente.
Como ocorre a transmissão?
O vírus é altamente contagioso podendo ser encontrado na pele e nas mucosas. A transmissão geralmente acontece pelo contato com a região infectada. O HPV não necessita de penetração para se instalar; pode ser encontrado na virilha, nas coxas ao redor da região genital e na mucosa oral. Portanto, carícias íntimas entre duas pessoas (“amasso”) podem transmitir o vírus. Existe também, mais raramente, a possibilidade de transmissão vertical (mãe/ feto) e de contaminação por meio de objetos que contenham o HPV (roupas íntimas, sabonete, toalhas, instrumentos médicos) e pelas mãos, o que explica a possibilidade de contaminação mesmo com o uso de camisinha. O nível de proteção do preservativo é só de 60%. Isso porque ele barra apenas a invasão do vírus no órgão genital. O resto do corpo fica desprotegido à mercê do menor contato com o vírus, que pode ser transmitido mesmo sem a presença de lesões.
A evolução da infecção pelo HPV é igual para ambos os sexos?
Tanto o homem como a mulher infectados pelo HPV, geralmente desconhecem que são portadores do vírus, especialmente quando não possuem verrugas visíveis, mas podem transmitir o vírus aos seus parceiros. O órgão genital da mulher permite maior desenvolvimento e multiplicação do vírus, facilitando o aparecimento de lesões que podem evoluir para o câncer.
O HPV tem cura?
Na maioria das vezes, o sistema imune consegue combater a infecção pelo HPV, com eliminação completa do vírus, principalmente em pessoas jovens. A melhor forma de prevenir estas infecções é a vacinação e o uso de preservativo.
O que é a vacina quadrivalente contra o HPV?
A vacina quadrivalente recombinante contra o HPV evita a infecção por 2 tipos de vírus cancerígenos (16 e 18), responsáveis por 70% de todos os tipos de câncer de colo de útero, mais de 50% de câncer de pênis e 40% de tumores anais, e 2 tipos de vírus não cancerígenos (6 e 11), que causam 90% de todos os casos de verrugas genitais. (3-6-7-9-10)
A vacina quadrivalente é altamente efetiva (99%) contra câncer de colo de útero e outras lesões genitais, malignas ou não, em mulheres e homens jovens sem contato prévio com o vírus. A vacina não trata infecções pré-existentes pelo HPV ou suas complicações. (10)
Qual é a indicação da vacina?
A vacina foi testada e está sendo indicada para mulheres e homens entre 9 e 26 anos. Os adolescentes devem receber o esquema completo de vacinação antes de se tornarem sexualmente ativos. A vacina é potencialmente mais eficaz em indivíduos que nunca entraram em contato com o HPV, embora os que já foram expostos a algum tipo do vírus também possam se beneficiar da vacinação, porque serão protegidas dos demais tipos contidos na vacina.
A vacina não é recomendada para mulheres grávidas.
Por que a Secretaria da Saúde só está vacinando as meninas?
Como a estratégia de vacinação é reduzir os casos e mortes ocasionados pelo câncer de colo uterino a vacinação através da Secretaria da Saúde será restrita as Meninas. Segundo estudos australianos os meninos passam a ser protegidos, indiretamente com a vacinação das meninas. (imunidade de rebanho)
População alvo
A população alvo para vacinação, da Secretaria da saúde, é composta por adolescentes do sexo feminina na faixa etária de 11 a 13 anos em 2014, na faixa etária de 9 a 11 anos em 2015 e a partir dos 9 anos de idade em 2016.
Esquema vacinal da Secretaria da Saúde
A vacinação consiste na administração de três doses, com esquema vacinal de 0, 6 e 60 meses (5 anos): esquema estendido.
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recomendou o esquema estendido como uma opção para programas públicos de imunização em larga escala de meninas de 11 a 13 anos. Esse esquema baseia-se em um estudo ainda em andamento, realizado no Canadá com 310 meninas de 9 a 13 anos que já receberam duas doses do esquema estendido (0 e 6 meses). O resultado do acompanhamento de 36 meses mostrou que a resposta imunológica foi comparável à obtida em mulheres de 16 a 26 anos que receberam o esquema padrão (0, 2 e 6 meses). Apenas o acompanhamento dessas meninas de 9 a 13 anos a longo prazo poderá confirmar se existe manutenção da resposta imune e eficácia clínica com o uso deste novo esquema.
Esquema vacinal padrão, proposto pelos produtores da vacina (Merck Sharp & Dohme).
O esquema vacinal feito nas instituições privadas é o tradicional: 0, 2 e 6 meses.
Mulheres e homens de mais de 26 anos devem ser vacinados?
Estudos sobre esta vacina estão sendo realizados em homens e mulheres com idade superior a 26 anos. A liberação de vacina para estes grupos aguarda o parecer da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Quais os efeitos colaterais da vacina?
Os estudos de desenvolvimento clínico não demonstraram efeitos colaterais graves. Os mais frequentes são os seguintes: dor no local da injeção e febre baixa (10% dos casos).
Qual a duração de proteção da vacinas?
Até o momento, os estudos demonstram que as mulheres e homens vacinados estão protegidos por no mínimo 8,5 anos. A duração exata da proteção da vacina ainda é desconhecida.
É necessária dose de reforço?
Até o momento a resposta é não. Só estudos em longo prazo poderão determinar a necessidade ou não de dose de reforço.
As mulheres vacinadas ainda precisam fazer controles de rotina?
A vacinação não exclui a importância de se fazer o exame de Papanicolau uma vez por ano, pelos seguintes motivos:
- o Papanicolau detecta precocemente, em 80% dos casos, alterações celulares que podem se transformar em câncer.
- a vacina não proporciona proteção contra todos os tipos de HPV que causam câncer de colo de útero.
- as mulheres que já tenham tido infecção pelo HPV podem eventualmente não se encontrar totalmente protegidas após a vacinação.
- as mulheres que não tomaram as 3 doses da vacina podem também não estar totalmente protegidas.
Qual o esquema de vacinação?
Três doses (intramusculares), com intervalo de 2 e 6 meses após a primeira aplicação.
Existe alguma contra indicação?
- Vigência de quadro febril, infeccioso agudo.
- Gestação.
- Alergia a alumínio ou reação adversa a uma dose prévia da vacina.
- Uso de drogas imunossupressoras e corticoide em altas doses por período superior a 14 dias.
- 5. Alterações de coagulação (pode ocorrer sangramento local).
Nos 2 últimos casos sugerimos que o médico da criança/ adolescente seja consultado.
Recomendações:
- O uso de preservativo é indispensável, não só contra a infecção pelo HPV, mas também contra todas as outras DSTs.
- O HPV pode ser transmitido na prática de sexo oral.
- A consulta com ginecologista é muito importante. A incidência de câncer de colo de útero é baixa em mulheres com menos de 25 anos de idade. A Sociedade Americana de Cancerologia aconselha que todas as mulheres façam o teste de Papanicolau, anualmente. Os controles devem começar 3 anos após o início da vida sexual ativa, ou no máximo até os 21 anos.
Referências
1. American Cancer Society. Available at.
http://documents.cancer.org/115.00/115.00.pdf. Accessado em 25 de Abril de 2009.
2. American Cancer Society. Available at.
www.cancer.org/dowloads/PRO/CervicalCancer.pdf . Acessado em 25 de Abril de 2009.
3. NIP/CDC. http://www.cdc.gov/vaccines/vdp-vac/hpv/vac-faqs.htm. Acessado em 22 de Abril de2009.
4. Steinbrook R. N Engl J Med. 2006; 354 (11):1109-1112. A correction has been published: N Engl J Med2006:355(7):745.
5. Atenção Integral a Saúde da Mulher.
http://www.gineco.com.br/vacinahpv.htm. Acessado em 22 de Abril de 2009.
6. Boletim Feury Medicina e Saúde.
http://www.fleury.com.br/Medicos/SaudeEmDia/RevistaMedicinalESaude/pages/81Vaci. Acessado em 22 de Abril de 2009.
7. Revista Fleury Saúde em Dia.
http://www.fleury.com.br/Clientes/SaudeDia/RevistaSaudeEmdia/pages/8Vacinacontra. Acessado em 22 de Abril de 2009.
8. Evite o Câncer do Colo do Útero.
http://www.casadevacinasgsk.com.br/hpv/cancer-colo-utero.asp. Acessado em 22 Abril de 2009.
9. HPV. Câncer de Colo do Útero. Verrugas Genitais.Guia de Ginecologia .Merck Sharp & Dohme. MC 450/08. 06-2009-GRD-08-BR-450-PE.
10. Vacina Quadrivalente Recombinante Contra Papilomavírus humano (tipos 6, 11, 16, 18). Merck Sharp & Dohme.MC 003/08.12-08-GRD-2007-MVD1237101-DA.11-2008-GRD-08-BR-003-DA.
11. Journal of Infectous Desease 01/01/2011,203:49-57, 2011.
12. The New England Journal of Medicine, 03/02/2011.