A exposição “Memórias gravadas: a História de Ruth”, com curadoria da prof. Gisele Ottoboni, faz parte das comemorações dos 80 anos de vida da artista, restauradora, pesquisadora e historiadora de arte Ruth Sprung Tarasantchi (Sarajevo, Iugoslávia – atual Bósnia-Herzegovina, 25/10/1933), que é ex-aluna do Band.
Eu e minha mãe, água forte e laví, 2007.
A mostra tem como foco principal a apresentação de 60 gravuras do álbum “A História de Ruth”, no qual a artista transpõe com extrema delicadeza muitos dos fatos de sua vida, como lembranças da infância passada entre Sarajevo e Bugojno junto com os parentes e amigos queridos, a ida para a Itália por causa da Segunda Guerra Mundial, o confinamento no Campo de Concentração em Ferramonti, a libertação e a vinda para o Brasil, os casamentos, os filhos e os netos. Ruth apresentará ainda gravuras das séries “Ibirapuera”, “Judaica”, “Animais de estimação” e “Iluminuras”. Para que a personalidade multifacetada de Ruth seja explicitada, serão expostas fotografias e objetos (cerca de 30 ítens) que remetem à sua trajetória pessoal, além de uma série de publicações de sua autoria ou das quais participou como artista (aproximadamente 40 peças, entre livros, catálogos, revistas, folders e convites), merecendo destaque o livro Pintores Paisagistas – 1890 a 1920, a ser reeditado pela Editora da Universidade de São Paulo em 2014.
A exposição é resultado de um esforço conjunto de amigos e instituições que colaboraram na realização desta homenagem.
Ruth fotografada por Aracy Amaral.
Biografia resumida
Ruth Sprung Tarasantchi nasceu em Sarajevo – então parte da Iugoslávia (atual Bósnia-Herzegovina) – em 1933. Passou boa parte da infância no vilarejo de Bugojno. Em 1942, durante a II Guerra Mundial, ela e sua família foram levadas pelo exército italiano para Castel Nuovo Don Bosco e, no ano seguinte, para o Campo de Concentração de Ferramonti di Tarsia, próximo a Cosenza, no sul da Itália. A saga da família Sprung se prolongou na Itália até 1947, com estadas em Bari, Monreale, Palermo e Roma.
No Brasil, Ruth estudou no Colégio Santa Inês e concluiu o Ensino Médio no Colégio Bandeirantes. O interesse pelas artes plásticas, em seus mais diferentes aspectos, tem como um dos momentos iniciais a prática do desenho logo que a sua família se estabelece em São Paulo, quando Ruth passa a frequentar as aulas de modelo-vivo da Associação Paulista de Belas Artes. Ingressa na Escola Paulista de Medicina em Sorocaba, onde permanece por três anos. Sua vocação artística, entretanto, fala mais alto, o que a faz deixar o curso de medicina para ingressar na Escola de Belas Artes de São Paulo. Em 1974 ingressa no mestrado da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA USP), defendendo a dissertação “A vida silenciosa na pintura de Pedro Alexandrino” em 1981. Após cinco anos, defende a tese de doutorado “Pintores paisagistas em São Paulo” (1890-1920).
Ruth possui uma personalidade com talentos múltiplos: é artista plástica, pesquisadora e historiadora de artes, curadora, restauradora, diretora de acervo do Museu Judaico de São Paulo, diretora de arte da Associação dos Amigos da Arte de São Paulo (Sociarte), membro do Conselho de Orientação Artística da Pinacoteca do Estado de São Paulo e da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo.
Memórias Gravadas: a História de Ruth
Ruth Sprung Tarasantchi (Sarajevo, Iugoslávia – atual Bósnia-Herzegovina –, 1933) encontrou na gravura em metal o processo ideal para sua expressão artística. Suas imagens despertam nossas emoções e sentidos, em uma espécie de ideário universal dos álbuns de família. Autobiográficas, narrativas, impregnadas pelo universo feminino, pelos costumes e tradições judaicas, pelos personagens que habitam sua memória, as gravuras de Ruth nos transportam no tempo e no espaço.
A cada imagem, a artista revive episódios de sua infância, dos primeiros anos de vida na Iugoslávia, do período da Segunda Guerra Mundial no campo de concentração de Ferramonti na Itália, até sua chegada ao Brasil. A narrativa presente em suas gravuras constrói o sentido da imagem, e vice-versa, atribuindo-lhes significado e emoções.
Liberados do Campo de Concentração de Ferramonti, 1942, Raquel, Paula, Ruth e Rodolfo.
A obra gráfica de Ruth Sprung Tarasantchi envolve toda sua percepção, personalidade, história pessoal, afetividade, desejos e paixões. A gravura é sua forma de estar no mundo, essência e sentido que imprime ao seu fazer artístico.
Na mostra é destacado o álbum “A História de Ruth”, obra em processo, que constitui o núcleo de sua criação gráfica desde a década de 1990. Seus mais de 30 anos de dedicação à gravura deram origem a uma numerosa produção, e demonstram, pela diversidade temática, seus vários interesses: família, afetos, paisagens, iluminuras medievais e tradição judaica. O desenho compõe uma das práticas essenciais do seu fazer artístico, e seus cadernos de viagem configuram muitas de suas gravuras – seja pelas paisagens, personagens ou eventos representados.
O segundo núcleo desta exposição apresenta uma breve biografia da artista, ilustrada por documentos, fotos e objetos. As várias atividades desempenhadas por Ruth serão representadas por suas publicações, catálogos, livros, e pelos depoimentos de amigos, para reconstituir as várias facetas da artista, historiadora, pesquisadora e restauradora.
Esta exposição é uma homenagem de seus amigos e admiradores e seguirá itinerante em 2014.
Curadora Gisele Ottoboni
Serviço:
Período da exposição: 01 de fevereiro à 27 de março de 2014
Abertura: 01 de fevereiro, sábado, das 9h00 às 13h00.
Local: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Sala de Exposições BNDS, acesso pela Livraria João Alexandre Barbosa.
Endereço: Rua da Biblioteca, s/n. Cidade Universitária. São Paulo.
Telefone: 11 3823-4732
Horário de funcionamento: segunda à sexta das 9h às 20h; sábados, das 9h às 13h; fechada aos domingos e feriados.
Entrada gratuita