Estou farta!
Farta da hipocrisia, do julgamento, das pessoas de plástico, das suas mentes tão vazias, das suas vidas tão obsoletas.
Farta da mentira, da obrigação, da falsidade, do sorriso forçado, do bom dia por educação.
Farta das “putas”, dos direitos humanos, da luta pelo pobre que passa fome só no facebook, dos textos enormes e bíblicos que reivindicam direitos para poucos e escondem a realidade, colocam num buraco e impõe a todos um único modo de pensar.
Farta das fofas! Dos amores! Dos politicamente corretos! Dos meses de namoro comemorados no instagram!
Luto pelo direito de expressão real e irrestrito. Pela piada maldosa, pelo comentário sem escrúpulos, para a graça que vem pronta e é falada com cara de pau!
Luto pelo direito de ser mal, pelo direito de ficar triste, ter raiva e até ódio quando quiser. E se for o tempo todo, que seja garantido o direito de ser ranzinza, mal humorado e chato.
Quem foi que disse que o legal é ser fofo com todos? O extremamente fofo, o simpático a todo momento é tedioso. Torço para que cada dia mais o quieto vire o sagaz que fala o que vem pela mente e vive com a plena consciência da essência das coisas.
Luto pelos oprimidos de verdade! Pelos que bebem e fumam! Pelos mal humorados, pelos grosseiros, pelo all star sujo, pela comida barata, pela poesia sem rima, pela nota baixa e pela indecisão no vestibular!
Que todos os perdidos tenham o direito de SER. E que todos os achados, os que tem o caminho pronto na vida, que fiquem bem longe daqui.
Eu choro, imploro e suplico: chega de pessoas de plástico! Chega dos príncipes de lugar nenhum, chega dos heróis: eu quero gente de carne e osso!
Quero lágrimas, suor, sangue, gritaria, a fumaça, a essência.
Quero palavrão, briga, amor exagerado, limites pra quase nada.
Quero a liberdade de ser, ampla e irrestrita, quero anistia dessa vida, enquanto todo mundo quer se achar, eu quero é me perder.
É pedir muito o direito de errar?
Mariana Fantini, 3H3