Tem uma cara de quem ouve Los Hermanos, de quem cria poemas em dias cinzentos, de quem fica miudinho quando tá triste. Mas ah, moço, se cê soubesse como eu queria te abraçar, fazer um cafuné nesse seu cabelo engraçadinho. Tem um rostinho de gente que sabe tudo, um ar de quem vive numa calmaria eterna. Tem um jeitinho engraçado de sorrir, dá aquela espremidinha nos olhos pra rir. Mas ah, moço, se cê soubesse como eu queria caber numa só gargalhada tua… Voaria, voaria, voaria. Quem sabe um dia não pousaria na frente da tua casa? Cantaria uma daquelas músicas que, pra mim, só fariam sentido se tivessem sido feitas pra você. Tem um jeito contínuo de andar, certo que às vezes meio descompassado. Mas ah, moço, se cê soubesse como eu gostaria de viver nesse descompasso todo que cê me sugere. Tem uma carinha de desengonçado, com esses braços finos, essas pernas compridas e esse óculos enorme. Mas ah, moço, se cê soubesse como eu gostaria que cê me visse pelo vão que há entre seu óculos e aquele cachinho que fica sempre ali, no cantinho do seu rosto. Ah, moço, quem sabe cê não dá uma espiadinha por aquele cantinho… Vai ver cê me vê.
Julia Magalhães (pseudônimo), 2H3