Um equívoco ambulante. Nunca soube ser metamorfose: quis sair cedo demais do casulo e deixei as asas para trás. Agora sou um monstro, horrível, desfigurado. Sou o monstro que assombra meus piores pesadelos. Sou o monstro que vejo todos os dias no espelho. Sou o monstro que carrego todos os dias nas costas. Sou o monstro que me apunhala quando penso que já passou. Eu nunca vou deixar passar. Sou o monstro que persegue momentos de felicidade quase pura e que, quando os alcança, os destrói, mesmo que sem querer.
É sempre sem querer.
Lígia Vergueiro (pseudônimo), 3H1